Política

Durante julgamento sobre drogas no STF, Barroso e Mendonça trocam farpas

Os ministros discutiram após Barroso falar sobre preocupação do presidente da CNBB com julgamento da descriminalização do porte de drogas

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Durante julgamento sobre drogas no STF, Barroso e Mendonça trocam farpas

Foto: Antonio Augusto/SECOM/TSE

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e o ministro André Mendonça trocaram farpas no decorrer do julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha para usuários, nesta quinta-feira (20).

A sessão foi aberta com os discurso de Barroso, onde ele teria recebido uma ligação do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, preocupado com o julgamento. Na ligação, segundo relatou Barroso, dom Jaime se mostrou preocupado com uma possível legalização das drogas.

Ele, então, abriu espaço para explicar o que é analisado na Corte. O presidente do STF disse acreditar que dom Jaime foi vítima de “desinformação.

“O Supremo não está legalizando drogas. O STF considera, tal como a legislação em vigor, que o porte de drogas, mesmo para consumo pessoal, é um ato ilícito. Consideramos, coletivamente, que drogas ilícitas são ruins. Consumo de maconha continua a ser considerado um ato ilícito, porque essa é a vontade do legislador. O que estamos discutindo é se esse tema deve ser tratado com um ato de natureza penal ou administrativa”, declarou Barroso.

Já em seguida, André Mendonça, pediu espaço de fala e interpelou Barroso. “Acho que ele não tem a informação incorreta, não. A informação é essa mesma. A grande verdade é que nós estamos passando por cima do legislador. O legislador definiu que portar drogas é crime. Decidir que é ato administrativo é passar por cima do legislador. Nenhum país do mundo fez isso por decisão judicial. E a grande pergunta que fica sobre o ato administrativo é: quem vai processar? Quem vai condenar? Essa determinação tem que ser tomada pelo legislador”, contestou Mendonça.

Em tom mais elevado, Barroso interrompeu Mendonça e disse que sua explicação estava certa. “Vossa excelência (Mendonça) acaba de dizer o mesmo que eu disse apenas com um tom um pouco mais panfletário. Estamos discutindo se é ato ilícito administrativo ou se é ato ilícito penal. E o senhor acha que é penal e tem todo o direito que achar. O que eu disse foi corretíssimo”, rebateu Barroso.

O Julgamento

O STF analisa que o ato da descriminalização do porte de maconha para o consumo próprio. O julgamento do Recurso Extraordinário nº 635.659, nesta quinta-feira (20). A apreciação do caso foi suspensa em 6 de março, quando o placar era de 5 votos a 3 a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Em seus votos, os ministros tentam chegar a um consenso acerca da definição da quantidade que vai diferenciar uso pessoal de tráfico de drogas. 
 

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