Em Lisboa, ministro Gilmar Mendes diz "não acredito que o presidente da República trame um golpe"
Ministro classificou golpe como aventura política
Foto: Nelson Jr. /SCO/STF
Em meio a tensão entre decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e Governo Federal, o ministro Gilmar Mendes, que está em Lisboa, Portugal, diz não acreditar que o presidente da República trame um golpe.
"Não, não vai. Eu aposto na resistência das instituições. Acho que é um processo. Nesse momento, o Bolsonaro está muito debilitado, o viés ficou muito debilitado. (...) Bolsonaro chegou com o apoio das bancadas temáticas e, com risco de impeachment, fez a viagem rumo ao Centrão. Esse pessoal não embarcar em aventuras", avaliou o ministro do STF, em entrevista ao Uol.
Ao ser questionado se as instituições estão corrompidas, o Ministro afirma que não. " O problema da corrupção, o problema da criminalização da política, não é esse. A política perdeu espaço. Ninguém imaginava que isso ia ocorrer. Que se ia chegar a uma eleição em que os atores principais seriam de fora. A eleição de 2018 foi isso. Não foi só eleger Bolsonaro, foi eleger os PMs, os coronéis, os pastores evangélicos.", pontua Mendes, que complementa: "É um novo perfil: conservador, populista. É um novo paradigma. E, obviamente, a Operação Lava Jato teve um papel enorme nesse contexto.", afirma.
O Ministro ainda diz que não acredita no impeachment de Jair Bolsonaro. "Mais pelo sentimento de exaustão geral do que por outra coisa. Um impeachment requer uma mobilização enorme, negociações, ninguém aguenta mais. Por isso, tenho defendido que, se tivermos uma crise de governabilidade, que resolvamos na linha da substituição do chefe de governo e não do chefe de Estado", acredita. "Um impeachment é sempre um elemento muito traumático.", frisa.
Gilmar Mendes ainda voltou no tempo e classificou a prisão do ex-presidente Michel Temer como absurda. "Há coisas mais estapafúrdia do que aquela prisão do Michel Temer, pelo juiz Bretas, a pedido daqueles procuradores do Rio? Aquilo foi absurdo e foi logo após a saído do governo", disse o ministro do STF.