Em São Paulo, Conselho de Ética aprova cassação do mandato de Arthur do Val
Caso segue para o plenário da Assembleia, ainda sem data marcada para ser votado
Foto: Reprodução/Alesp
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou o voto do relator Delegado Olim (PP), que pede a cassação do deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), conhecido como Mamãe Falei, nesta terça-feira (12). Ação ocorre após o vazamento de áudios em que o deputado afirma que mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres".
A decisão foi tomada por unanimidade, com dez votos a favor e nenhum contra, em uma sessão cercada de confusão do lado de fora da Assembleia. O processo agora segue para o plenário da Alesp.
Os tumultos que marcaram a sessão foram incentivados por apelos que Arthur do Val vem fazendo em suas redes sociais desde a semana passada. A partir disso, centenas de apoiadores compareceram à entrada do local para solicitar que o deputado não fosse cassado. Durante o tumulto, Renato Battista, ex-assessor de Do Val, agrediu o também ex-funcionário do deputado Gil Diniz (PL) com um soco no olho. A cena foi presenciada pelo GLOBO.
Por outro lado, um grupo de mulheres ucranianas residentes do Brasil também realizou protesto na frente do local para protestar contra o deputado.
Na sessão presidida por Maria Lúcia Amary, prevaleceu o discurso de cassação de Arthur. As deputadas estaduais Isa Penna (PCdoB) e Marina Helou (Rede) reforçaram que a punição tem a importância de marcar o posicionamento da Alesp em casos de violência contra a mulher.
Em discurso aos deputados, Do Val disse que errou, mas que este processo "não é sobre machismo", e sim sobre as situações em que teria incomodado outros parlamentares da Casa.
Durante a sessão, a deputada Erica Malunguinho (PSOL) afirmou que a atitude de Do Val não é um fato isolado na história do patriarcado e tampouco na história do próprio deputado. "A política brasileira não pode mais ser palco para violências", defendeu ela, que votou a favor da cassação do parlamentar.
A deputada Isa Penna (PSOL) relembrou o assédio que sofreu em dezembro de 2020, quando o deputado Fernando Cury (sem partido) apalpou os seus seios durante sessão no plenário da Casa. O caso, no entanto, resultou no afastamento do parlamentar por seis meses. "Essa assembleia legislativa vai abrir um precedente de que violência contra mulher é um ato passível para cassação", afirmou Penna.