Política

Entenda em 5 pontos o que se sabe sobre as explosões em frente ao STF

A Polícia Federal investiga o caso pela hipótese de crime de abolição do Estado democrático de Direito e terrorismo

Por FolhaPress
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Entenda em 5 pontos o que se sabe sobre as explosões em frente ao STF

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Um homem se explodiu na noite desta quarta-feira (13) em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal). A Polícia Federal investiga o caso pela hipótese de crime de abolição do Estado democrático de Direito e terrorismo. A corte viu conexão com os ataques de 8 de janeiro de 2023 e designou a relatoria do inquérito ao ministro Alexandre de Moraes.

No apartamento alugado por Francisco Wanderley Luiz, 59, em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, policiais encontraram um recado para Débora Rodrigues, presa por pichar a estátua que fica em frente ao Supremo.

As explosões ocorreram por volta das 19h30 desta quarta, uma perto do prédio principal do Supremo e outra em um veículo Kia Shuma 1999/2000 encontrado próximo a um dos anexos da Câmara dos Deputados, também nas proximidades da sede do Judiciário.

Nesta quinta-feira (14), a Polícia Militar do Distrito Federal desativou explosivos encontrados na região da praça dos Três Poderes.

VEJA PERGUNTAS E RESPOSTAS

O QUE DIZEM AS TESTEMUNHAS SOBRE AS EXPLOSÕES?
Em testemunho à Polícia Civil do Distrito Federal, o segurança do STF Natanael Carmelo relatou que um homem se aproximou da estátua da Justiça, em frente à corte, e, na sequência, tirou um extintor e uma blusa de dentro da mochila, a lançando contra a escultura.

Ao ser abordado pelos seguranças, ele abriu a camisa mostrando um objeto semelhante a um relógio digital e advertiu para não se aproximarem.

Na sequência, lançou dois ou três artefatos, que estouraram. Carmelo afirmou ter pedido apoio imediatamente depois disso.

O homem, então, teria deitado no chão acendendo o último artefato, colocado na cabeça e aguardado a explosão.

O segurança do STF disse que não viu se outra pessoa ajudou na tentativa de ataque à corte. Outra testemunha afirmou ter visto um homem passar em frente a um ponto de ônibus, que fica na praça dos Três Poderes, acenando a quem estava lá, e que logo depois se ouviu uma primeira explosão.

QUEM ERA FRANCISCO WANDERLEY LUIZ?
O autor das explosões foi identificado pela polícia como Francisco Wanderley Luiz, 59, um chaveiro, ex-candidato a vereador pelo PL em 2020, com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC). Ele recebeu 98 votos e não foi eleito.

Francisco usava vestia uma calça e um terno de mesma estampa com os naipes de cartas de baralho, com o fundo de cor verde-escuro, com possível alusão à fantasia do personagem Coringa, vilão anarquista de histórias de quadrinhos. Ao lado se seu corpo, foi encontrado um chapéu branco.

O QUE SE SABE SOBRE OS PLANOS DO AUTOR DAS EXPLOSÕES?
Antes das explosões, Francisco publicou nas redes sociais no início da noite referências a bombas e explosões e disse que a Polícia Federal teria que desarmar o equipamento, fazendo referência a um jogo.

"Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda", disse, em capturas de tela de celular publicadas em sua página no Facebook.

Francisco também esteve nas dependências do STF no dia 24 de agosto. Ele chegou a publicar, em seu perfil no Facebook, uma foto sua (não fica clara a possibilidade de ser montagem) em frente ao que seria o plenário do tribunal vazio, dizendo que "deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)".

O QUE A POLÍCIA FEDERAL APONTA SOBRE O ATENTADO?
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, relacionou o caso aos ataques de 8 de janeiro. Segundo ele, a corporação investiga o episódio a partir de duas hipóteses: abolição do Estado democrático de Direito e terrorismo. Para os investigadores, foi um caso premeditado.

Ele apontou a presença do chaveiro em Brasília em ocasiões anteriores, os artefatos encontrados no carro de sua propriedade e ao local alugado por permanecer na capital do país. Atribuiu a ação ainda à radicalização de grupos extremistas.
Também confirmou declarações da ex-mulher do responsável pelo atentado sobre comentários de que ele tentaria matar Moraes.

O QUE PL, JORGE GOETTEN E BOLSONARO DIZEM SOBRE O CASO?
Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, diz que o partido não pode ser responsabilizado pelo ataque. Ele confirma que Francisco ainda era ligado ao partido, mas diz que não o conhecia. "Temos quase 1 milhão de filiados no Brasil, claramente esse era um sujeito desequilibrado. Foi um caso isolado", diz Valdemar.

Já o deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC) afirmou que recebeu Francisco algumas vezes em seu gabinete, a última delas em agosto deste ano e que enviou mensagem em um grupo de WhatsApp com deputados da oposição dizendo que ele "realmente aparentava severos problemas mentais".

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que acumula uma série de ataques ao Judiciário, escreveu que é contra "qualquer ato de violência" e disse que o caso exige reflexão. Disse ainda que "já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente".

POR QUE MORAES É RELATOR DA INVESTIGAÇÃO SOBRE O ATENTADO?
A investigação da PF sobre o ataque a bombas na praça dos Três Poderes foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes, por prevenção, mecanismo no Judiciário que direciona a condução de processos a determinado ministro que já atua em casos relacionados. Em comunicado, o Supremo afirmou que a decisão foi tomada pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

A tese de que o caso possui aparente relação com os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro foi apresentada pela Polícia Federal, nos autos. O inquérito corre em sigilo.

QUAL O IMPACTO DO ATENTADO PARA A PAUTA DA ANISTIA?
Na manhã desta quinta-feira, Moraes afirmou não acreditar na pacificação do país sem que haja punição a criminosos. O ministro se manifestou contra a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que é objeto de um projeto em tramitação na Câmara dos Deputados, com apoio de Bolsonaro.

Em reação, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), criticou Moraes, nesta quinta-feira, e reafirmou articulação para a concessão de anistia. Avaliou ainda como lastimável que Moraes faça o que classificou como ilações sobre o caso que ficará sob sua responsabilidade.

COMO O TRÊS PODERES REAGIRAM ÀS EXPLOSÕES?
O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), decidiu suspender todas as atividades até as 12h de quinta e pediu que o caso seja investigado "com a urgência necessária". O Senado não terá expediente.

O presidente Lula (PT) estava em agenda com os ministros do STF Gilmar Mendes, Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes no Palácio da Alvorada, e o chefe da Polícia Federal também estava presente. Segundo um relato colhido pela Folha de S.Paulo, o clima era de "estupefação".

O ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, afirmou que a PF investigará o caso com rigor e celeridade, enquanto o ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Paulo Pimenta, escreveu que ações contra instituições são ataques "à democracia e ao povo brasileiro".

QUAIS MEDIDAS DE SEGURANÇA FORAM TOMADAS?
O prédio do STF começou a ser evacuado por volta das 20h, pouco depois do encerramento da sessão de julgamentos do dia. E passou por investigação dos riscos à corte.

A PF enviou o COT (Comando de Operações Táticas) e seu grupo Antibombas para uma varredura na praça dos Três Poderes. E a Polícia Militar do Distrito Federal desativou ao menos oito explosivos encontrados na região da praça dos Três Poderes, em Brasília, durante a madrugada e manhã desta quinta-feira (14).

Segundo o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), foi acionado um dos níveis do chamado Plano Escudo, com reforço do Exército, diante da preocupação de que pudesse não se tratar de uma ação isolada. Após uma varredura no Palácio do Planalto, o GSI informou que o local está seguro.

Também houve buscas em um possível endereço de Francisco, onde alguns artefatos suspeitos foram encontrados por cães farejadores.
 

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