Espólio do miliciano Zinho é decidido atrás das grades
Informação chegou aos órgãos de inteligência das polícias Civil e Federal, da Secretaria de Administração Penitenciária e do Ministério Público
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Ao se entregar à Polícia Federal no Rio, na véspera do Natal passado, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da milícia de Santa Cruz, mexeu no tabuleiro de xadrez da região, até então sob seu domínio. Enquanto era levado para isolamento numa cela da penitenciária de segurança máxima Láercio da Costa Pellegrino, conhecida como Bangu 1, o homem considerado “o inimigo número 1” do estado podia não saber, mas, a cerca de um quilômetro dali, no Presídio Bandeira Stampa, aliados e dissidentes de seu bando começavam a discutir a divisão de seu espólio.
Uma reunião na unidade, antes da virada do ano, já ecoou para fora dos muros da cadeia acertando a divisão do território de Zinho entre quem está atrás das grades e no asfalto. A ideia é seguir os passos dos antigos banqueiros do jogo de bicho, num pacto em que cada um respeitaria o espaço do outro na exploração das atividades criminosas, como extorsões, taxas de segurança e o pedágio na circulação de vans.
A informação chegou aos órgãos de inteligência das polícias Civil e Federal, da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e do Ministério Público, que observam as jogadas dos paramilitares para entender como ficará a nova geografia das milícias da Zona Oeste. Para os criminosos se reestruturarem, seria necessário eliminar os que se opõem ao consórcio da nova milícia da região, evitando que ela fique nas mãos de um só dono, como durante o império da família Braga, antes formado pelos irmãos Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, Wellington da Silva Braga, o Ecko, e Zinho. Foi quando este último assumiu, com a morte de Ecko, em junho de 2021, que aliados que não aceitavam Zinho como chefe deixaram a milícia para criarem o próprio grupo, inimigo de quem os comandava.