Fala de Gleisi Hoffman sobre anistia repercute de maneira negativa entre ministros do STF, diz coluna
Ministra das Relações Institucionais disse ser uma discussão "defensável do ponto de vista de alguns parlamentares"
Foto: Agência Brasil
A fala da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), sobre a possibilidade de discutir anistia para envolvidos no 8 de Janeiro causou desconforto entre alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi divulgada nesta sexta-feira (12) pela colunista Andréia Sadi.
Após o anúncio do deputado Pedro Lucas (União) como novo ministro das Comunicações do governo Lula, na quinta-feira (10), Gleisi demonstrou ser contra o projeto por entender que ele permite o perdão a Jair Bolsonaro (PL) e aos generais envolvidos na tentativa de golpe de Estado, mas chamou atenção para a necessidade de discutir o assunto no Congresso Nacional.
“De fato, falar sobre anistia ou mediação de pena ou redução de pena em relação a algumas pessoas do 8 de janeiro, eu acho que é plenamente defensável do ponto de vista de muitos parlamentares que estão ali, talvez a gente até tenha que fazer essa discussão mesmo no Congresso", disse.
Na Corte, ministros avaliam que a declaração sugere que o governo tem medo da oposição conseguir os votos necessários para levar o projeto adiante, e que aceitaria firmar um acordo para reduzir penas em troca de evitar a aprovação da anistia.
"Loucura (...) O governo não tinha que piscar, não. Não é papel deles", disse um ministro. Outros dois acreditam que o governo está sendo pressionado pelo Congresso.
No fim da noite de quinta-feira (10), a oposição conseguiu os 257 votos necessários para dar início à tramitação de um pedido de urgência para que o projeto seja votado direto no Plenário.
“Fala mal colocada”
Na manhã desta quinta-feira (11), Gleisi afirmou à Sadi que fez uma "fala mal colocada" e não cabe ao Legislativo revisar a pena.
"O que eu quis dizer é que cabe ao Congresso fazer a mediação com o Judiciário das questões envolvendo o 8/1 dessas reclamações que parlamentares estão fazendo sobre penas elevadas. Conversar, sim, cabe ao Congresso. Mas revisar pena é Judiciário", afirmou. "Não tem anistia nenhuma, como quer Bolsonaro."
A ministra reforçou a ideia em uma publicação na rede social X, onde disse que a PL "visa a impunidade de Bolsonaro e dos comandantes do golpe".
