Farmácias pedem CPF para aplicar descontos fictícios, diz site

A jornalista Amanda Rossi, do UOL, revelou uma realidade enganosa nas farmácias brasileiras, onde descontos fictícios têm se tornado uma constante, criando uma atmosfera de eterna Black Friday, com supostas reduções de mais de 50% durante todo o ano.

Na investigação, a jornalista chegou a conclusão que os preços originais dos produtos são artificialmente inflados, tornando os descontos aplicados uma ilusão. É como obter um desconto de 50% em um valor que é o dobro do preço real, resultando, no fim das contas, em nenhum benefício real.

A reportagem foca nas empresas do Grupo RaiaDrogasil, a maior rede de farmácias no Brasil, que mantém um banco de dados abrangente com 15 anos de informações, incluindo registros de 48 milhões de consumidores. A jornalista revela que esses dados são explorados por uma empresa afiliada à rede, a RD Ads, com o objetivo de lucrar com publicidade direcionada.

No processo, os anunciantes entram em contato com a RD Ads, selecionando o público-alvo desejado, e a empresa então busca informações no banco de dados da RaiaDrogasil. Isso resulta em campanhas publicitárias adaptadas de acordo com os padrões de consumo dos clientes.

A reportagem expõe que o procedimento para acessar o banco de dados das farmácias segue a mesma prática utilizada pela Drogaria Araújo, exigindo que os consumidores informem o seu CPF. Embora prometam descontos de até 70% em produtos, a jornalista questiona a validade desses descontos, já que o preço original sem a redução é considerado fictício.

Em 2018, a Drogaria Araújo foi condenada a pagar uma multa substancial de R$ 7.930.801,72 por associar a concessão de descontos à exigência de CPF no ato da compra, sem fornecer informações adequadas sobre o propósito de abrir um cadastro.