Fim da escala 6x1 pode resultar em queda de 16% do PIB, diz estudo
Pesquisa aponta queda de até R$ 2,9 tri no faturamento de setores produtivos

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O projeto sobre o fim da escala 6x1, que está em tramitação no Congresso, pode afetar o Produto Interno Bruto (PIB) de forma negativa. Conforme estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a redução da jornada de trabalho pode resultar em queda de até 16% do PIB e decréscimo de até R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos. A pesquisa foi apresentada na última semana no encontro "Jornada 6x1 e os Impactos nas Relações de Trabalho".
Segundo o levantamento, o contexto de produtividade baixa apontada na proposta ocasionaria em uma elevação de custos para as empresas, perda de competitividade, avanço da informalidade e probabilidade de fechar até 18 milhões de postos de trabalhos, o que impactaria negativamente o mercado dos trabalhadores.
Em um cenário hipotético, com a redução da carga horária para 40 horas semanais e sem ganhos de produtividade, o país poderia cair até R$ 480 bilhões da massa salarial. Apesar do 1% de aumento na produtividade, as perdas poderiam chegar a 16 milhões de empregos e R$ 428 bilhões na renda do trabalho.
O estudo também comparou a jornada de trabalho do Brasil com a de outros países. Além de ser citado que a média brasileira é maior que a Europa e América do Norte, a carga horária semanal do país é menor que a média global.
O pesquisador da FVG IBRE, Daniel Duque, argumenta que a produtividade brasileira também está abaixo do nível de outros países de renda média. Com isso, ele cita que reduzir a escala vai afastar o país "ainda mais do padrão mundial", o que afetaria o crescimento econômico.
"A redução pode gerar perda econômica que é impossível evitar. Uma forma de driblar isso é aumentar a produtividade. Se você eleva a produtividade por cada hora trabalhada, aí pode compensar isso", aponta Daniel.
"Se comparamos o Brasil com países desenvolvidos, vemos que existe uma relação negativa entre produtividade e jornada média. Justamente porque aí há maior possibilidade de se reduzir a jornada, de se trabalhar menos e ainda manter os mesmos padrões econômicos", continua Duque.
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