"Foi surpresa", diz Presidente do BC sobre maior inflação de março em 28 anos
Segundo IBGE, no mês passado a inflação acelerou em 1,62%
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, afirmou, nesta segunda-feira, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) para março, que foi a maior inflação para o mês desde 1994, surpreendeu, e ponderou que o núcleo de inflação no país está muito alto.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no mês passado a inflação acelerou em 1,62% após apresentar alta de 1,01% em fevereiro.
"Teve um índice mais recente que saiu e foi uma surpresa. A gente via uma velocidade da passagem do preço da gasolina para a bomba um pouco mais rápido, por isso esse próximo índice seria um pouco maior e o próximo um pouco maior. Em parte foi isso, mas teve outros elementos, como vestuário e alimentação fora do domicílio, que vieram numa surpresa grande", afirmou Campos Neto em evento do mercado financeiro.
Com o resultado, o IPCA acumula alta de 11,30% em 12 meses, maior índice desde outubro de 2003. O número veio acima do esperado pelo mercado e analistas já revisam as projeções para juros de 13,5% e inflação em 8% este ano. “A realidade é que nossa inflação está muito alta, o núcleo está muito alto”, acrescentou.
O presidente do BC pontuou que a recente queda do dólar ainda não foi totalmente repassada aos preços. Segundo Campos Neto, quando isso ocorrer, a inflação poderá desacelerar.
“A gente tem tido fluxo de entrada de recursos no país. Parte da melhora do câmbio a gente acha que ainda não está refletida nos índices de preços, de inflação”, afirmou.
Oito dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em março. Os principais impactos vieram dos transportes (3,02%) e de alimentação e bebidas (2,42%) – grupos de maior peso no IPCA. Juntos, os dois representam quase metade (43%) da inflação do mês.