Fraude em hospitais de campanha no RJ pode chegar a R$ 700 mi
Investigação faz parte de nova etapa da Lava-Jato no estado
Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio
O empresário Mario Peixoto foi um dos alvos, nessa quinta-feira (14), da chamada Operação Favorito, uma nova etapa da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Segundo os investigações da Polícia Federal, do Ministério Público do estado e do Ministério Público Federal, ele e outros empresários, incluindo o ex-presidente da Assembleia Legislativa Paulo Melo, vinham planejando e explorando esquemas de superfaturamento em compras e serviços contratados em caráter emergencial na área de saúde.
Até mesmo os hospitais de campanha para tratamento de pacientes com o coronavírus entraram, de acordo com denúncias de promotores, na mira dos fraudadores, que teriam causado um prejuízo de quase R$ 700 milhões aos cofres públicos nos últimos oito anos. A força-tarefa da Lava-Jato começou a investigar negócios feitos pelo grupo a partir de 2012, na época do governo Sérgio Cabral. Peixoto, que foi preso numa mansão em Angra dos Reis (outros nove suspeitos estão detidos).
Cabral seria o chefe de um esquema, que abrangeria cerca de cem pessoas físicas e jurídicas, formado para obter contratos com Organizações Sociais (OSs) selecionadas para administrar UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). No governo de Wilson Witzel, os acusados assinaram R$ 120 milhões em contratos desde o ano passado. A Lava-Jato também identificou ligações entre Peixoto e contratos com a Fundação Faetec e o Detran.
Ainda segundo a Polícia Federal, os envolvidos nos esquemas estavam destruindo provas. As articulações do grupo teriam chegado às Forças Armadas: Alessandro Duarte, identificado como mais um operador financeiro de Peixoto, foi interceptado em um grampo negociando com um oficial o fornecimento de álcool em gel para a Marinha, numa suposta concorrência fraudada.