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Governo vai montar grupo de trabalho para estudar retaliação aos EUA após Trump anunciar tarifa de 50% ao Brasil

Anúncio foi feito pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT)

Por Da Redação
Ás

Governo vai montar grupo de trabalho para estudar retaliação aos EUA após Trump anunciar tarifa de 50% ao Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Reprodução/X

O governo Lula (PT) vai criar um grupo de trabalho para estudar uma eventual retaliação à tarifa de 50% sobre as exportações do Brasil para os Estados Unidos, anunciadas por Donald Trump, na quarta-feira (9).

A informação foi confirmada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT). Segundo ele, o grupo será responsável ainda por estudar novos mercados. Os canais diplomáticos continuarão abertos e o governo brasileiro vai negociar até o dia 1º de agosto.

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Após o anúncio de Trump, Lula se reuniu de forma imediata com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações exteriores, Mauro Vieira.

A tarifa de 50% foi anunciada em uma carta pública enviada ao presidente Lula. Para justificar a elevação na tarifa sobre o Brasil, Trump cita o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, a ação é "uma vergonha internacional". [Veja a carta na íntegra no final da matéria]

"Conheci e tive relações com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar acontecendo. É uma Caça às Bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", escreveu.

Trump disse ainda que as tarifas são "em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e ao direito fundamental à liberdade de expressão dos americanos". Ele não apresentou provas das acusões e citou a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de suspender a plataforma de vídeos Rumble, em fevereiro deste ano.

Em resposta, Lula disse que o Brasil é um país soberano e não vai aceitar "ser tutelado por ninguém". O presidente garantiu ainda que a elevação de tarifas será respondida com base na Lei da Reciprocidade Econômica. [Veja a nota na íntegra no final da matéria]

Lula ressaltou ainda que as empresas que atuam em solo brasileiros estão submetidas à legislação brasileira e que o processo contra os investigados por uma tentativa de golpe de Estado — Bolsonaro é réu na ação — é de competência da Justiça brasileira.

“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, escreveu”.

“É falsa a informação sobre o alegado déficit norte-americano na relação comercial com o Brasil. As estatísticas do próprio governo dos EUA mostram superávit de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos. A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, finalizou.

Em uma segunda reunião na quarta-feira no Itamaraty, o governo Lula disse a representantes da embaixada dos Estados Unidos que devolve a carta de Trump. 

A embaixadora brasileira responsável pela América do Norte e Europa, Maria Luisa Escorel, comandou a reunião. Ela queria saber se a carta de Trump era verdadeira, já que o governo ficou sabendo do documento pela imprensa. Maria Luisa classificou a carta como  "ofensiva" e "inaceitável".

A primeira reunião foi realizada durante a tarde, antes da divulgação da carta, com o objetivo de tratar das publicações feitas por Trump e pela própria embaixada em favor de Jair Bolsonaro.

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Na segunda-feira (7), Donald Trump publicou nas redes sociais uma mensagem de apoio a Jair Bolsonaro, que, segundo ele, é alvo de perseguição política no Brasil. Ele disse que o ex-presidente é vítima de uma "caça às bruxas" e "não é culpado de nada". Veja abaixo:


Foto: Reprodução

No mesmo dia, Lula disse que o Brasil é um país soberano e que não aceita interferência. “Este [Brasil] país tem lei, tem regra. Este país tem um dono, chamado povo brasileiro. Portanto, [Trump]: 'dê palpite na sua vida e não na nossa'", disse durante uma coletiva de imprensa após a cúpula do Brics.

No dia anterior, domingo (6), Trump também atacou o Brics grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia e Irã.

O presidente dos EUA anunciou, por meio das redes sociais, que iria impor uma tarifa adicional de 10% a “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics”. 

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Em resposta, na segunda-feira (7), Lula disse que o Brics "não nasceu para afrontar ninguém" e classificou como um "erro" a publicação de Trump. Segundo Lula, não é correto "ameaçar o mundo através da internet".

Na manhã de terça-feira (8), Trump disse que os países integrantes do Brics receberão uma taxação adicional de 10%. “Qualquer um que faça parte do Brics terá uma cobrança de 10% em breve”, declarou o republicano, durante uma reunião com membros do gabinete na Casa Branca.

Após uma reunião bilateral com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em Brasília, Lula disse que o Brics não aceita “intromissão de quem quer que seja".

"Nós não aceitamos nenhuma reclamação quanto a reunião dos Brics. Por isso, nós não concordamos quando ontem o presidente dos Estados Unidos insinuou que vai taxar os países dos Brics. Nós queremos também dizer ao mundo que nós somos países soberanos. Não aceitamos intromissão de quem quer que seja”, disse o presidente.

Confira abaixo a nota completa de Lula sobre a taxação de 50%:

"Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta-quarta (9), é importante ressaltar:

O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém. 

O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais. 

No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.

No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.

É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos. 

Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica. 

A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo."

Leia a carta de Trump na íntegra:

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