Tarifaço de Trump pode piorar situação de Bolsonaro no STF, avaliam advogados
Defensores veem tarifa como interferência que pode ter efeito contrário ao desejado pelos aliados do ex-presidente

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
A medida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e impor uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras não deve levar a um recuo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são da coluna Malu Gaspar, do jornal O GLOBO.
Essa é a avaliação de cinco advogados de cinco diferentes réus da trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Embora seja uma situação preocupante e injusta, com uma atuação arbitrária do presidente Trump, acredito que em nada mudará a situação do Bolsonaro”, diz o advogado de um dos réus, que pediu para não ser identificado.
“Penso até que pode ter um efeito ricochete e agravar a situação dele, porque sabemos que isso é fruto da atuação do Eduardo Bolsonaro lá nos EUA.”
Recentemente, Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal e prorrogou por mais 60 dias o inquérito que investiga a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) nos EUA, para onde ele se mudou.
Um outro advogado, com bom trânsito no meio jurídico, vai na mesma linha e também avalia que o efeito será justamente o contrário do pretendido pelos bolsonaristas: “Vai é piorar a situação de Bolsonaro”.
“Não muda nada”, diz um terceiro defensor ouvido pelo blog. “Acho que vem paulada em todos nós”, diz um quarto advogado que atua no caso.
O anúncio de Trump sobre a taxação, que entrará em vigor a partir de 1º de agosto, ocorre às vésperas de o procurador-geral da República, Paulo Gonet, finalizar o parecer em que deve pedir a condenação de Bolsonaro por envolvimento num golpe de Estado para se manter no poder.
Colegas de Gonet ouvidos reservadamente pela equipe do blog avaliam que, apesar da turbulência nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, com repercussão inclusive na economia nacional, não há espaço para o procurador-geral da República voltar atrás e desistir de defender a condenação de Bolsonaro.
O caso deve ser julgado até setembro pelos cinco ministros da Primeira Turma do STF: Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Flávio Dino e o próprio Moraes.