Guarda morto por policial penal havia dito que 'policiais de esquerda' seriam as 'primeiras vítimas' da violência política
Declaração aconteceu há dois meses em uma palestra e foi confirmada por um amigo de Marcelo Aloizio de Arruda
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Quando, há dois meses, durante uma palestra, Marcelo Aloizio de Arruda disse que agentes de segurança de esquerda seriam as "primeiras vítimas" da violência política que acomete o país, ele provavelmente não imaginava que a sua história comprovaria a sua tese, mas foi exatamente o que aconteceu.
Para o professor de direito e advogado Fábio Aristimunho Vargas, que ouviu e confirmou a fala de Marcelo, a declaração parecia um prenúncio do que estava por vir. Os dois palestraram no seminário para jovens sobre combate à violência, em Foz do Iguaçu, no dia 14 de maio, intitulado "Oficina da Juventude Contra a Violência".
À BBC News, Fábio Vargas disse que Marcelo se sentia "visado" por ser um agente de segurança de esquerda. "O que ele falou nesse próprio evento é que policiais de esquerda como ele é que seriam as primeiras vítimas numa eventual escalada autoritária no país. Eles seriam os primeiros a cair, segundo ele explicou no seminário, para evitar que repassassem conhecimento estratégico a uma resistência democrática", contou.
Menos de dois meses depois, no último sábado (9), enquanto comemorava o seu aniversário de 50 anos, Marcelo seria assassinado a tiros por um policial penal federal que invadiu a festa aos gritos de "Bolsonaro" e "mito". O tema da festa de aniversário do guarda municipal era a candidatura do ex-presidente Lula (PT). O bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho também acabou sendo baleado pelo petista e está internado em estado grave.