Haddad diz que comunicado do Copom foi 'muito ruim' e não alivia a situação
Ministro Haddad acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem à França
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou sua insatisfação nesta quinta-feira (22) em relação ao comunicado emitido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, classificando-o como "muito ruim" e destacando que não "alivia a situação".
A declaração foi dada durante a visita do ministro à França, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e foi transmitida por sua assessoria de imprensa.
Na quarta-feira (21), o Copom decidiu manter a taxa básica de juros estável em 13,75% ao ano e não indicou indícios de uma eventual redução nas próximas reuniões.
"O comunicado, como de costume, é muito ruim. Todos foram ruins. Às vezes, a ata [documento divulgado na semana seguinte às reuniões do Copom] ameniza a situação, mas não é o caso", afirmou o ministro Haddad.
Na visão de Haddad, há um "descompasso" entre a situação do Brasil, com a queda do dólar, da curva de juros no mercado futuro e da atividade econômica, e a visão do Banco Central.
"É evidente que poderíamos sinalizar um corte na taxa Selic, que é a mais alta do mundo, distante do segundo colocado. Estamos enfrentando uma taxa de juros reais [descontada a inflação estimada para os próximos 12 meses] que deve estar em torno de 8% ao ano. Essa é a realidade, e isso tem impacto na bolsa, no varejo e nos impactos conhecidos", acrescentou o ministro.
Contas públicas e inflação
Haddad ressaltou que a decisão do Copom de manter a taxa de juros estável no atual patamar, o mais alto em seis anos e meio, terá impacto nas contas públicas, por meio do aumento dos gastos com juros.
"Os estados estão perdendo arrecadação, os municípios estão perdendo arrecadação. A União não está se saindo bem. Há outras questões sendo resolvidas", disse o ministro.
Segundo Haddad, a decisão do Copom implica que o país estaria "contratando problemas com essa taxa de juros no futuro". "Estamos contratando inflação futura ou aumento da carga tributária futura", declarou o ministro.