Lesões por arma de fogo geram custo de R$ 33,3 milhões ao SUS, aponta levantamento

O Instituto Sou da Paz realizou um levantamento sobre lesões por arma de fogo e revelou que essa causa é responsável por 14.901 internações, gerando um custo de R$ 33,3 milhões para a saúde pública no país. Os números foram disponibilizados pelo Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Datasus, e consideram os registros feitos entre janeiro e novembro de 2021.  A pesquisa foi divulgada pelo R7, nesta segunda-feira (31).  

No entanto, uma estimativa que considera também os números de dezembro, com base na média de internações no mês, indicam que em todo o ano de 2021 ocorreram, aproximadamente, 16,2 mil internações de feridos por arma de fogo — número superior aos 16.184 de 2020.

Os custos com as internações em 2021 são maiores do que no ano anterior, em 2020, que foi de R$ 32,8 milhões. “Nesses anos os registros se mantiveram em um patamar muito similar. Isso porque em 2018 e 2019 houve uma queda nas internações acompanhando a diminuição das mortes violentas no país. Já em 2020, essas mortes voltaram a subir e 2021 manteve esse patamar um pouco mais elevado”, explica Carolina Ricardo, diretora do Sou da Paz. “A principal hipótese para a curva das lesões é que elas acompanhem a mortalidade por arma de fogo".

Conforme o estudo, houve quedas nas internações de alta letalidade, por traumatismos e lesões mais graves, e leve aumento naquelas de baixa letalidade. “Precisamos discutir o que entra nesse custo. Esses dados são subdimensionados, uma vez que estados e municípios colocam recursos próprios, além dos que são ressarcidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, diz Carolina.

O Sou da Paz mostrou ainda no levantamento que em 2019, em média, a internação de vítimas de lesões por armas de fogo custou R$ 2.048, valor muito superior ao de internações realizadas para partos normais ou cesarianos, que custaram R$ 624, ou ainda para tratamentos de doenças graves e recorrentes como a dengue, para as quais foram desembolsados R$ 312

“É uma causa externa de mortalidade, ou seja, não é natural. São casos que poderiam ser evitados e os custos, reduzidos”, afirma Cristina Neme, coordenadora de projetos do Sou da Paz. “Não precisávamos lidar com o prejuízo causado pela disponibilidade das armas de fogo, ainda mais se considerarmos todos os custos gerados com a pandemia".