Lewandowski diz que assassinato de delator do PCC é caso estadual e não deve ser federalizado
Após um evento sobre descriminalização de drogas, o ministro classificou o assassinato como grave e sem precedentes
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse nesta terça-feira (12) que o assassinato do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), não deve ser federalizado.
Segundo Lewandowski, o crime ocorrido no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na sexta-feira (8) é de "clara competência do estado" e por isso não será federalizado "a princípio".
Após um evento sobre descriminalização de drogas, o ministro classificou o assassinato como grave, sem precedentes, e disse que os criminosos tiveram muita ousadia.
"Num primeiro momento, não existe nenhuma ideia de federalizar esse caso. O que ocorre é um réu colaborador fez uma colaboração ao Ministério Público do estado. Então, a principio, a competência é da Policia Civil paulista", disse.
O caso, atualmente, é investigado pela Polícia Civil paulista, mas a Polícia Federal também instaurou uma apuração.
Como mostrou a Folha, a abertura de um inquérito pela PF para investigar o assassinato do empresário Antônio Gritzbach foi um meio-termo encontrado pela corporação para não federalizar o caso.
A decisão foi tomada no sábado (9). Havia defensores no governo Lula (PT) de que a PF assumisse a investigação do caso em substituição à Polícia Civil de São Paulo.
De acordo com quatro delegados ouvidos pela Folha, a avaliação vencedora foi de que a federalização traria o ônus do caso para a PF, sendo que o Ministério Público paulista já acompanhava a situação de Gritzbach.
A solução de abrir de ofício um inquérito paralelo ao da Polícia Civil -com o argumento de que o homicídio ocorreu em área aeroportuária, cuja jurisdição é da PF- permite que os policiais federais entrem no caso sem grande interferência na polícia paulista.
A investigação do assassinato tem três hipóteses principais para identificar os mandantes do crime. Elas seguem os grupos de suspeitos que poderiam ter interesse em sua morte: o próprio PCC (Primeiro Comando da Capital), policiais citados em sua delação premiada, ou a pessoa que entregou a ele joias avaliadas em R$ 1 milhão na viagem da qual ele voltava.
Segundo a polícia, Gritzbach era jurado de morte pelo PCC. Ele era réu sob suspeita de ser um dos mandantes da morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, suposto chefe do PCC que contratava os serviços do empresário para lavagem de dinheiro, segundo investigação da Polícia Civil.