Política

Lula deve deixar decisão sobre presidente da COP30 para 2025

Presidente era esperado na COP29, que está em andamento em Baku, no Azerbaijão, mas teve de cancelar por recomendação médica

Por FolhaPress
Ás

Lula deve deixar decisão sobre presidente da COP30 para 2025

Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve deixar a decisão pelo nome que presidirá a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática), que será realizada em Belém (PA), para o início do ano que vem, segundo auxiliares.

Lula era esperado na COP29, que está em andamento em Baku, no Azerbaijão, mas teve de cancelar por recomendação médica, após cair e bater a cabeça. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi escalado para representar o país.

A ida do também ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço para a COP aumentou especulações em torno de sua indicação, que sofre resistência de alguns setores do governo petista.

O nome do vice-presidente acirrou ainda mais a briga pelo cargo. Ele concorre ao cargo com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, André Corrêa do Lago.

Há tradição de anúncio da futura presidência da COP até o encerramento da conferência atual, previsto para 22 de novembro. Apesar disso, auxiliares de Lula apostam que o anúncio ficará para o próximo ano.

O Planalto fez até mesmo um levantamento de casos anteriores para embasar o adiamento da escolha. Segundo integrantes do governo, a maior parte dos presidentes de COP foi indicada no ano do evento.

Com o adiamento, o presidente empurra a disputa no primeiro escalão do governo para o ano que vem. Neste ano, Lula está envolvido com a reunião de cúpula do G20, o grupo das maiores economias, no Rio de Janeiro. No plano doméstico, discute a agenda de corte de gastos federais.

Segundo colaboradores de Lula, o chefe do Executivo só faria anuncio ainda neste ano se já houvesse consenso em torno de algum nome. Além disso, prevalece a avaliação de que a indicação em Baku, durante a COP29, poderia ser indelicada com os azeris, por desviar a atenção para o Brasil.

Lula cancelou a sua ida para a COP29 após sofrer um acidente doméstico, que teve como consequência a recomendação médica para evitar viagens. O Planalto também divulgou que o presidente priorizaria a agenda interna e os preparativos para a reunião de chefes de Estado do G20, no Rio.

Alckmin mantém agenda bilateral em Baku. Encontrou-se com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) e também discursou na tribuna da COP29.
"O sucesso da COP29 é parte fundamental para o sucesso da COP30, que teremos o orgulho de se sediar em Belém, no Brasil, e também para a resposta global à mudança do clima. A omissão de agora custará muito para o depois", disse na plenária na manhã desta terça (12).

Aliados do vice-presidente afirmam que a sua indicação para representar o Brasil é uma sinalização de que ele se tornou um nome forte para ocupar a presidência da COP de Belém. Argumentam que a escolha daria um peso político maior para o evento e que seu jeito conciliador e político seria um ativo para o Brasil nas negociações climáticas.

O tom da participação de Alckmin na conferência em Baku será de trazer a discussão ambientalista ainda mais para o setor industrial e produtivo. Para aliados, ele pode trazer um teor econômico maior para o posto, se vier a assumi-lo.

Além disso, o seu nome também encerraria a disputa entre Ministério das Relações Exteriores e Meio Ambiente. Os diplomatas defendem o embaixador André Corrêa do Lago, especialista em meio ambiente e questões climáticas.

O Ministério do Meio Ambiente pressiona pela própria ministra Marina Silva, que combina a especialidade no tema com o peso de ser uma ministra de estado com reconhecimento internacional.

O MMA também cogitou indicar a secretária de Mudança do Clima, Ana Toni. No entanto, ela enfrenta resistência entre petistas que integram o governo, que a acusam de tendência liberal. Toni é cotada para o segundo cargo da hierarquia da cúpula, uma espécie de executiva da COP30.

Um interlocutor no governo também aponta que a possível indicação de Alckmin poderia entrar nos cálculos de reforma ministerial. O argumento é que seria difícil para ele conciliar a agenda de presidente da COP30, que inclui dezenas de viagens, com as atividades na vice-presidência e como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Há ainda a visão de que a presidência da COP poderia ser uma recompensa ou o resultado de uma negociação em torno da liberação da titularidade do Mdic. A pasta é bastante cobiçada, pela proximidade com o empresariado e por sua visibilidade.

Os defensores de Corrêa do Lago alegam que o cargo é essencialmente diplomático e demanda dedicação exclusiva. Além disso, desde a criação da troika —uma instância que reúne os país que preside a COP no momento, o antecessor e o sucessor— fará com que o escolhido por Lula mantenha-se na função até 2027.

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