Lula diz que ministro tem que botar a mão no bolso e tirar dinheiro para combater a fome
O presidente assinou dois decretos que tratam da segurança alimentar no Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (5) que o combate à fome é a maior prioridade do governo e que, para isso, os ministros precisam "colocar a mão no bolso" e nunca responder que não há recursos disponíveis.
Lula ainda pediu ao ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, fazer uma revisão no Cadastro Único, que é usado para os programas sociais, como o Bolsa Família.
"Não pense que sou eu [quem vai acabar com a fome no Brasil], não. Eu estou aqui só dando palpite. Quem vai ter que fazer são vocês que sabem. Se vocês estão querendo cozinha popular, vai ter. Se estão querendo mais recurso para a produção agrícola, vai ter. Tudo vai ter", afirmou o presidente da República em seu discurso.
"E quando vocês forem pedir para o ministro e ele disser que não tem dinheiro, diga para eles que ele tem que botar a mão no bolso e tirar o dinheiro, porque para combater a fome tem que ser prioridade zero, não tem nada mais sagrado do que isso", completou.
Lula participou da abertura da primeira reunião do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), realizada no Palácio do Planalto.
O presidente assinou dois decretos que tratam da segurança alimentar no Brasil. Um deles regulamenta o programa Cozinha Solidária, enquanto o outro altera a composição da cesta básica, com o intuito de deixá-la mais saudável.
Serão inseridos na cesta mais alimentos in natura ou minimamente processados. Segundo o governo, o intuito é "evitar a ingestão de alimentos ultraprocessados, que, conforme apontam evidências científicas, aumentam a prevalência de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão e diversos tipos de câncer", informou em nota.
Durante seu discurso, o presidente também pediu ao ministro Wellington Dias uma revisão periódica do chamado CadÚnico, que é o banco de dados do governo para efeitos de pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família. Disse que com frequência aparece algum "malandro" para receber irregularmente o benefício.
"Wellington, uma coisa que a gente tem que ver é, de vez em quando, revisão do nosso Cad para saber se está todo mundo que precisa lá dentro ou se tem gente que não precisa e está lá dentro", afirmou o presidente.
"Vocês sabem que, de vez em quando, aparece alguém malandro para ocupar o lugar de quem precisa. Então é preciso que a gente faça seriedade na fiscalização para que a política pública seja corretamente aplicada. A gente pode errar em qualquer coisa, mas no combate à fome a gente não pode errar".
Lula também afirmou em seu discurso que o primeiro ano foi para promover ajustes, mas que agora a "casa já está arrumada"