Lula indica que número 2 da Abin pode ser demitido se relação com Ramagem for confirmada
Segundo o presidente, ainda que seja suposição, Alessandro Moretti tem direito à defesa
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordou a necessidade de assegurar o direito de defesa ao número 2, na hierarquia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, ao mesmo tempo em que sinalizou a possibilidade de sua demissão do cargo. O diretor-adjunto da Abin está sob investigação devido a suspeitas de conluio entre os investigados pela Polícia Federal e a atual direção da Abin.
Lula reiterou sua confiança no diretor da Abin, Luiz Fernando Correa, que anteriormente liderou a Polícia Federal durante o segundo mandato do presidente petista no Palácio do Planalto. Em uma entrevista à CBN Recife, Lula declarou: "Dentro da equipe dele (Correa), há este indivíduo que manteve relação com o [Alexandre] Ramagem. Se isso for verdade, não há clima para que esse indivíduo permaneça na Abin. Mas antes disso, é necessário conduzir uma apuração e garantir o direito à defesa."
O ex-presidente também enfatizou a autonomia da Polícia Federal nas investigações relacionadas à chamada "Abin Paralela" - uma alegada estrutura clandestina dentro da agência que teria monitorado ilegalmente adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a gestão do então diretor Alexandre Ramagem, alvo de uma operação na semana passada. Lula criticou a declaração de Bolsonaro sobre uma suposta perseguição política.
"Ele (Bolsonaro) proferiu uma grande asneira; o governo federal não controla a PF, muito menos o sistema judiciário. Foi uma decisão de um juiz que autorizou uma operação com suspeitas na Abin. E a Polícia Federal a executou. Espero que as pessoas investigadas tenham o direito à presunção de inocência, e acredito que aqueles que não têm culpa não têm motivos para temer", afirmou Lula.