Mangueira é criticada após anunciar diferentes versões de Jesus no Carnaval 2020
Baixo-assinado contra a escola de samba já chegam a marca de 93 mil assinaturas
Foto: Reprodução/ Arte de André Mello
Após a Mangueira nunciar que levaria à Sapucaí diferentes versões de Jesus Cristo no Carnaval deste ano, diversos grupos religiosos criticaram. Seja negro, índio ou mulher, o Jesus da escola de samba verde-e-rosa soou como "blasfêmia" para os mais conservadores.
Com o desfile próximo, o enredo "A verdade vos fará livre" que promete uma releitura da vida do “filho do Homem”, virou alvo de protestos, há um abaixo-assinado com mais de 93 mil assinaturas contra a escola e até uma ameaça de processo.
As críticas chamam mais atenção pelo caso que ocorreu há um mês com o atentado à produtora Porta dos Fundos, atacada por retratar Jesus como gay em seu especial de Natal, na Netflix.
Em 2018, a atriz Renata Carvalho também foi vítima de perseguição e violência por causa da peça "Evangelho Segundo Jesus: Rainha do Céu", onde representava Cristo na forma de uma mulher trans.
Para o pastor Henrique Vieira, que vai encarnar um Jesus morador de rua na Mangueira, a representação de Jesus gay ou trans não o incomodam. "Não me incomoda Jesus trans ou gay, porque ele sempre esteve ao lado dos oprimidos e injustiçados. A expectativa de vida dos transexuais no Brasil é de 35 anos. Eles serem assassinados deveria escandalizar os cristãos", disse.
Já o historiador, Julio Cesar Dias Chaves, professor de História do Cristianismo da UPIS — Faculdades Integradas, de Brasília, acha "mais que exagero" falar sobre a sexualidade de Jesus.
"É descabido e sem base histórica. A necessidade de as pessoas se verem representadas não lhes dá o direito de mudar o passado e a História na marra. Isso não passa de uma tentativa de refletir valores e expectativas da nossa sociedade de hoje num personagem histórico."