Marcos do Val afirma que operação da PF contra ele é retaliação de Moraes
Senador alega que ministro determinou busca e apreensão após ser convocado para depor em CPMI
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Após ser alvo de operação de busca e apreensão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que já esperava que o magistrado “fizesse o que fez hoje”. A declaração foi feita em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (15).
A Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete e no apartamento do senador nesta quinta.
Do Val informou acreditar que Alexandre de Moraes autorizou as buscas porque o senador o convocou para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos de 8 de janeiro. "Pra mim, é clara a tentativa de intimidação ou de recolher materiais para ver se há algo relacionado a ele”, disse.
“Eu precisei convocar o ministro Alexandre de Moraes para a CPMI, mas já sabendo que ele iria de alguma forma fazer o que fez hoje. Tanto ele quanto o ministro Flávio Dino, que eu entrei em rota de colisão", completou o senador.
A ordem de busca e apreensão foi cumprida no dia aniversário de Marcos do Val, depois que ele publicou em uma rede social que “é notório em todos os meios jurídicos e entre e entre os magistrados, por todo o Brasil, as ações anticonstitucionais do ministro Alexandre de Moraes”.
Além de assinar a ordem de busca e apreensão de documentos e dispositivos eletrônicos no gabinete de Marcos do Val no Senado e nos endereços residenciais dele em Brasília e em Vitória, o ministro mandou que os perfis do senador nas redes sociais fossem suspensos.
Investigação
Marcos do Val é investigado por obstruir investigações sobre os atos do dia 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
Em fevereiro, o STF já havia determinado a abertura de investigação contra Do Val para apurar as declarações de que ele teria recebido uma proposta para participar de um golpe de Estado. Na época, o senador declarou que participou de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira, que tinha como objetivo induzir o ministro Alexandre de Moraes a "reconhecer” que ultrapassou as quatro linhas da Constituição com o ex-presidente da República. Depois disso, ele tentou desmentir as acusações.
Postagens do senador em redes sociais também defenderam participantes dos acampamentos que organizaram os atos de 8 de janeiro. A assessoria do senador informou que não comentaria o caso. Apesar disso, Marcos do Val concedeu entrevistas a redes de televisão no início da noite e negou acusações de golpismo. Do Val também criticou a busca e a apreensão no Congresso, a qual classificou como uma "invasão". "Eu não cometi crime absolutamente nenhum", declarou ao canal Globonews.