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Ministra alvo do centrão sofre cobrança de Lula e deixa reunião amparada por Janja

Nísia foi alvo de seguidas cobranças do centrão devido aos critérios para liberação de emendas parlamentares

Por FolhaPress
Ás

Ministra alvo do centrão sofre cobrança de Lula e deixa reunião amparada por Janja

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, se emocionou ao ser cobrada pelo presidente Lula (PT) durante reunião ministerial nesta segunda-feira (18).

Segundo participantes, Nísia ficou com a voz embargada ao dizer que é alvo desde o início do governo.

Nísia foi alvo de seguidas cobranças do centrão devido aos critérios para liberação de emendas parlamentares.

A ministra foi destacada para falar aos colegas de Esplanada devido a problemas enfrentados em sua pasta.

Ainda segundo presentes, Lula perguntou quanto tempo duraria sua exposição, se apenas dez minutos. O presidente teria dito, então, que seria necessária uma hora caso ela tivesse que se manifestar sobre reportagem apresentada pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo (17), sobre a situação dos hospitais federais no Rio de Janeiro.

A ministra da Saúde tratou das recentes crises que a pasta tem enfrentado. Afirmou que os números a respeito das mortes dos yanomamis são maiores do que no governo Jair Bolsonaro (PL) porque havia subnotificação na gestão anterior.

Também falou sobre a epidemia de dengue e dos hospitais federais do Rio de Janeiro. Ainda disse que sofre muita pressão política e afirmou que algumas pessoas cobram que ela fale grosso, mas que ela vai continuar falando como faz atualmente, com "contundência". Ao longo do discurso, a ministra se emocionou e saiu da sala, amparada pela primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, e pelas colegas ministras.

Ao final da reunião, Lula replicou a declaração de Nísia. A respeito dos yanomamis, disse que a ministra deveria melhorar a comunicação sobre o caso, lembrou também que houve confusão no início da campanha da vacinação contra a dengue, dando a entender que havia imunizantes para toda a população, quando não era o caso.

Segundo pessoas que acompanharam a reunião, a ministra ficou com a voz embargada quando falou que na condição de mulher não iria falar grosso e que não seria certo ser cobrada por isso. Em seguida, Lula disse que ela era uma mulher "mansa e firme".

O presidente disse que a ministra será mantida no cargo, afirmando que apenas ele é quem nomeia e demite no governo.

Com relação aos hospitais do Rio, Lula afirmou que a ministra tem carta branca para mexer na equipe da forma, acrescentando que essa é uma oportunidade para que ela busque soluções para os hospitais federais do estado.

Lula também teria responsabilizado o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pelas condições em que os hospitais se encontram, já que indicou diretores dessas unidades de saúde durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A reportagem apurou que a ministra disse que iria demitir o secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães. Ele ocupa o cargo desde janeiro de 2023.

O ministério também deve demitir Alexandre Oliveira Telles do cargo de diretor do Departamento de Gestão Hospitalar no Estado do Rio de Janeiro.

O ministério administra seis hospitais no estado, além dos institutos de câncer (Inca), traumatologia e ortopedia (INto) e de cardiologia (INC).

A secretaria comandada por Helvécio é uma das principais do ministério e a que administra o maior volume de repasses de verba do SUS, além dos hospitais federais. Em 2023, foram mais de R$ 73 bilhões distribuídos, sendo mais de R$ 8 bilhões para emendas parlamentares.

A área atua principalmente na estruturação e custeio de hospitais e ambulatórios. Também dá suporte para que estados e municípios ofertem serviços especializados, como de oncologia, cardiologia, entre outros.

Lula já afirmou que uma das prioridades do governo é ampliar o número de médicos especialistas no SUS.

Essa seria a segunda queda na pasta, a primeira aconteceu com o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes, em fevereiro deste ano. O médico Felipe Proenço de Oliveira, que era secretário-adjunto de Fernandes, passou a comandar a pasta.

A ministra Nísia Trindade também é um dos alvos prioritários das críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do centrão. O ministério tem sido cobrado para liberar rapidamente a verba de emendas e não travar que recursos cheguem aos redutos políticos de deputados e senadores.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, o ministério mudou as regras para liberação das emendas em 2024, ano de eleições municipais, e permitiu que estados e municípios recebam mais recursos dos parlamentares. Nísia também tem feito reuniões com lideranças do Congresso para explicar as regras sobre emendas e tentar evitar novas crises com o Legislativo.

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