Moraes torna pública gravação de reunião de ex-presidente com ministros investigada pela PF
Ministro retirou sigilo diante das publicações de trechos parciais e editados
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, divulgou, na manhã desta sexta-feira (9), a íntegra da gravação de uma reunião realizada no dia 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro e ministros discutem o que a Polícia Federal chama de uma "dinâmica golpista".
"Diante de inúmeras publicações jornalísticas com a divulgação parcial e editada de trechos do vídeo da reunião ocorrida em 05/07/2022, torno-o público", diz a nota divulgada pelo STF.
O ministro determinou que o material, que faz parte da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe no país em 2022, seja disponibilizado no site oficial do STF. Parte da transcrição do que foi discutido nessa reunião é mencionada na decisão do ministro que embasou a operação deflagrada ontem pela PF.
De acordo com os investigadores, o material "revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo". No material divulgado, é possível observar o então presidente da República, Jair Bolsonaro, visivelmente alterado, proferindo ataques ao então adversário Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chega a se referir como "satanás", e dirigindo sucessivas ofensas aos ministros do Supremo, em especial a Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
"Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", disse Bolsonaro, em um dos trechos do material divulgado.
Outros trechos mostram ainda o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, defendendo que o governo "virasse a mesa" antes das eleições para garantir a reeleição de Bolsonaro. Em outro momento, Augusto Heleno chega a citar ainda a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas é interrompido por Bolsonaro, que não o deixa prosseguir com o raciocínio.
Em outra nota divulgada à imprensa, a Polícia Federal também reiterou que o vídeo divulgado por veículos de imprensa nesta sexta-feira, referente a Operação Tempus Veritatis, não foi divulgado pela Instituição, mas sim disponibilizado em link de acesso aberto ao público. A corporação ainda frisou que as investigações seguem em andamento.