MPF investiga erros no atendimento do “Disque 100” para pessoas trans

Serviço necessita ser modernizado para atender ainda particularidades sobre identidade de gênero

Por Da Redação
Ás

Atualizado
MPF investiga erros no atendimento do “Disque 100” para pessoas trans

Foto: Imagem ilustrativa por IA

O Ministério Público Federal (MPF) iniciou um procedimento para investigar aparentes falhas na prestação do serviço “Disque Direitos Humanos – Disque 100”, sobretudo para melhorar e modernizar o serviço, inclusive a demanda por informações exclusivas sobre identidade de gênero.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, esclarece que o Disque-100 é um serviço de utilidade pública reservado para receber solicitações referentes a violações de Direitos Humanos, sobretudo as que alcançam populações em situação de vulnerabilidade social.

“Nos últimos anos, o Disque 100 tem sido uma ferramenta fundamental para monitorar dados sobre a violência contra pessoas trans no Brasil. Diante da falta de informações públicas confiáveis sobre as especificidades da população LGBTI+ brasileira, os relatórios do canal de denúncias são fontes preciosas para a elaboração de políticas públicas voltadas a esse grupo”, declara o procurador.

Os números mostrados são preocupantes: somente no primeiro trimestre de 2025, o Disque Direitos Humanos recebeu quase 1.700 denúncias de vítimas LGBTI+. Já no ano passado, o canal teve mais de 7 mil denúncias relacionadas à população LGBTI+; 1.506 delas realizadas por pessoas trans e travestis e, majoritariamente, por violações acontecidas no ambiente doméstico ou virtual.

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) usa os dados do Disque 100 para a pesquisa anual que observa os números de assassinatos e violências realizadas contra essa população no Brasil. A pesquisa da Antra elabora um Dossiê, que estrutura esses dados por parte de instâncias governamentais e, além de robustecer o estudo, indica a precisão de que essas informações sejam utilizadas para ações efetivas de combate das violências estruturais.

O documento deste ano da Antra indica, em suas considerações finais, a precisão pela atualização do Disque 100, projeto que já foi pautado no Acordo de Cooperação Técnica (ACT) estabelecido entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e o Ministério das Mulheres no ano passado.

Essa determinação pretende aperfeiçoar o número de denúncias e assegurar o acesso a direitos essenciais para mulheres lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e intersexo, e tem como um de seus intuitos “a atualização de protocolos de acompanhamento e monitoramento de denúncias pelos canais do Ligue 180, Disque 100, Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e Ouvidoria-Geral do Ministério das Mulheres”.

Ainda justifica o início do procedimento e a falta de disseminação, pelo Governo Federal, das providências que foram ou serão executadas para a concretização dessas metas, o que, de acordo com o MPF, fortalece a demanda de monitorar a implementação do mencionado acordo e, desse modo, prosseguir na formulação de políticas públicas para a população transexual e travesti brasileira.


 

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