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Mudança sobre a venda do pão francês preocupa bolso dos consumidores e divide opiniões

Nova regra determina fim da comercialização do pão por unidade

Ás

Mudança sobre a venda do pão francês preocupa bolso dos consumidores e divide opiniões

Foto: Agência Brasil

Uma nova portaria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) definiu que a venda do pão francês, popularmente conhecido como pão de sal, deve ser cobrada por quilo e não mais por unidade, como é comum em muitas panificadoras e outros estabelecimentos alimentícios. A regra passa a valer a partir de 1º de junho.

O objetivo, segundo o Inmetro, é regularizar a venda do produto, que deve ter o preço por quilo fixado próximo ao balcão de vendas e ser escrito com dígitos de dimensão mínima de cinco centímetros de altura, para melhor visualização do cliente. As balanças para a pesagem do pão também seguirão algumas regras e terão que ter um medidor com divisão igual ou menor a cinco gramas, além da indicação do peso e preço a ser pago.

No entanto, com um mês para a adoção das novas regras, alguns consumidores ouvidos pelo Farol da Bahia já divergem sobre a medida e alguns citam que a venda por quilo será desleal, principalmente para as famílias maiores e mais pobres.

A estudante Fernanda Ribeiro mora com mais outras duas pessoas e disse que gasta R$ 14 por semana com a compra por unidade do tradicional pão francês. Para ela, a regra é injusta visto que a pesagem por quilo vai impactar no bolso, principalmente para as populações de baixa renda.

"Não acho vantagem a venda à quilo justamente pelo fato que eles aumentam o quilo do pão para que a unidade saia mais cara do que o normal. Uma suposição é que um pão que compraríamos a 30 centavos, sai a 50 centavos. Acho desvantagem principalmente para as famílias mais pobres, pois é um alimento essencial", explicou.

A dona de casa Dalva Conceição é acostumada a comprar o pão de sal por quilo e argumentou que a determinação do Inmetro vai ajudar a padronizar a venda para que todos paguem por um preço, segundo ela, “mais justo”.

“Eu sou acostumada a comprar por quilo e acredito que essa questão vai ajudar a distribuir um preço mais leal para as pessoas que consomem o pão francês. Para mim, acho que será mais justo”, justificou.

Já a aposentada Railda Bomfim afirmou que não consome mais pão, porém, se diz preocupada com as pessoas que têm o núcleo familiar maior.

"Para mim, não faz muita diferença porque hoje eu nem como mais pão. Agora eu acho o seguinte, isso deve ficar difícil para as famílias de baixa renda. Por exemplo, uma mãe com uma família de cinco filhos, por unidade, é mais fácil ela fazer a conta e dar aos filhos do que ela comprar o quilo", pontuou.

Essa preocupação em comum sobre as famílias de baixa renda é apontada como uma realidade no país. Para se ter uma ideia, a Pesquisa de Orçamentos Familiares: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil (2017-2018), divulgada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o pão de sal é mais presente na mesa das famílias de baixa renda, tendo, em média, um consumo de 52,8g/dia, um total de 19,2 quilos por ano por família.

Como se posicionam os comerciantes

Apesar da nova portaria, a regra existe desde 2006. No entanto, em mercados de bairro a venda por unidade é muito mais popular e pesa menos no bolso da clientela, conforme explica Rita Costa, dona de um mercadinho no bairro de Cajazeiras, em Salvador.

“Geralmente, as pessoas que vêm aqui não costumam pedir para pesar. Aliás, eu acho que muitas nem sabem que existe essa opção. Aqui no mercadinho, confesso que não costumo me atentar para isso. A situação já é tão difícil para todo mundo que fiscalizar isso também seria demais”, disse a comerciante.

Já a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) defendeu que a decisão do Inmetro garante que "o consumidor vai pagar exatamente pelo que ele está levando. Queriam estabelecer o preço por unidade. Isso seria um retrocesso, pois, infelizmente alguns mercados entregavam pão com pesos inferiores, variados, que iam de 25g a 50g. A qualidade venceu e o consumidor também", disse o presidente da Abip, Paulo Menegueli, em comunicado.

Quem será que substitui o pão?

A nutricionista do Instituto Couto Maia, Adriana Dávila de Oliveira, conversou com o Farol da Bahia e explicou que apesar de ser gostoso, o pão não é tão nutritivo quanto parece já que ele é feito a base de farinha de trigo refinada que, segundo a especialista, impacta negativamente na simbiose intestinal, ou seja, na saúde do intestino.

Como forma de substituir o tradicional pãozinho de sal, Adriana cita os vegetais tipo C, que são as batatas, o inhame, batata roxa, batata inglesa, banana da terra e fruta-pão, por exemplo. Além dos vegetais, ela também cita tipos de cereais, como o cuscuz, que tem baixo custo e é rico em nutrientes.

"Além dos vegetais tipo C, você tem também cereais que você pode usar como substitutos porque tem muito carboidrato. Um deles, que é bastante econômico, é o cuscuz [...] O cereal integral é mais interessante do que o pãozinho, que é feito de trigo refinado. Então você pode usar o cuscuz, que é extremamente barato [...] Tem o milho também, o trigo integral - aquele que faz quibe -, e os cereais integrais de modo geral. Qualquer outro cereal integral você pode usar como substituto e fazer preparações à base de aveia ou usar cereais não-convencionais [...] Isso acaba dando uma variedade na sua alimentação e, qualitativamente, para a nossa saúde isso é muito bom", explicou a nutricionista.

Por fim, Adriana Dávila também ressalta a importância de manter uma boa alimentação, sobretudo, diante do contexto da pandemia da covid-19.

"Hoje os estudos estão mostrando que você tem um organismo com simbiose intestinal, você está mais protegido em relação a ter o agravamento do coronavírus, por exemplo. A gente fala disso porque é só um exemplo, mas diversas outras doenças também podem ser evitadas se você tem um intestino saudável", pontuou.

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