'Não queria repetir o destino de Marielle Franco', diz Jean Wyllys sobre ter se exilado em 2018
De volta ao Brasil, o ex-deputado visitou a sede do PT Bahia, em Salvador, nesta quarta-feira (19)
Foto: Agência Brasil
De volta ao Brasil depois de um autoexílio de quatro anos, o baiano Jean Wyllys (PT) visitou a sede do PT Bahia, em Salvador, nesta quarta-feira (19). Durante a reunião, o ex-deputado comentou o momento em que saiu do país, em 2018. Segundo ele, o afastamento da política foi necessário devido às ameaças de morte que sofria: "Não queria repetir o destino de Marielle Franco".
“Deixar o país naquele momento, em 2018, foi o resultado de um processo profundamente doloroso pra mim, por causa de uma nova modalidade de violência política que estava emergindo em todo o mundo, não só no Brasil, onde a extrema direita se organizou e, desde dentro da democracia, começaram a destruir democracias em todo mundo, começando nos Estados Unidos com a eleição de Donald Trump, em 2016”, disse.
Quando ainda era deputado federal pelo PSol, Jean Wyllys anunciou, em janeiro de 2019, que abandonaria o mandato no Congresso Nacional após sofrer graves ameaças de morte. Na época, o então parlamentar publicou nas redes sociais uma mensagem, agradecendo aos seguidores, e dizendo que manter-se vivo "também é uma forma de resistência".
Desde o assassinato da sua correligionária Marielle Franco, em março de 2018, Wyllys vivia sob escolta policial. Com a intensificação das ameaças de morte, comuns mesmo antes da morte da vereadora carioca, o deputado tomou a decisão de abandonar a vida pública. No mesmo ano, o ex-deputado saiu do Brasil para tirar férias e não voltou.
Durante o evento desta quarta (19), em Salvador, Jean Wyllys informou que as pessoas costumam fazer comentários errôneos sobre ele “pelas costas”. “A primeira coisa que se fala de mim é a ideia de que eu fui um covarde que fugi da luta. Esse não é um discurso feito pela direita ou esquerda, é uma acusação feita pelos pares, por pessoas que estão entre nós”, destacou.
Segundo ele, deixar o país naquele momento foi um ato de segurança, para proteger não só a vida dele, mas também das pessoas que estavam ao seu redor. “Foi muito conflituoso pra mim deixar o país naquele momento, mas não tinha outro caminho, porque eu não queria ser marte, não queria repetir o destino de Marielle Franco. Eu não quero estátuas em meu nome (...), eu quero seguir vivo, porque pra mim a luta só segue com vida”, complementou o ex-deputado.
Cargo no governo
Lula decidiu nomear Jean Wyllys para um cargo na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), ministério com assento no Palácio do Planalto.
Jornalista e professor universitário, Wyllys deverá atuar em um cargo ligado à área de planejamento de comunicação do governo, e não de produção de conteúdo.