O cisne vermelho II

Confira o artigo de Mateus Oliva

Por Da Redação
Ás

Atualizado
O cisne vermelho II

Ontem, no templo da democracia, em Washington, Distrito de Columbia, ladeado ao colérico e implacável amigo “Bibi", Donald J. Trump proferiu frases que chocaram desavisados em toda a humanidade. Seu pronunciamento deverá ser estudado por muitos anos à frente nos livros de história. Com sua habitual e franca falta de escrúpulos, Trump desta vez não tocou fogo no parquinho com tarifas comerciais, ele ofereceu um churrasco na laje da Faixa de Gaza, em folgo alto, rodeado por barris de pólvora. Para embaixadores de manual, jornalistas enviesados, idealistas românticos, burocratas aproveitadores, acadêmicos rentistas, políticos populistas, líderes obscurantistas e todo um caleidoscópio de diferentes visões sobre o tema, Trump surpreendeu. Porém, para maior parte da população dos EUA, não deveria ser nenhuma surpresa. Trump manteve a coerência de sua indiscreta biografia .

Em 1987, expoente empresário da construção civil e da exploração de jogos de azar, magnata precoce, machista e midiático, Trump multiplicava sua fortuna na mesma velocidade que multiplicava suas aparições exuberantes e inescrupulosas em programas de TV aberta. Em 02 de setembro daquele ano, o Cisne Vermelho marcou firme posição de voz ufanista para quem interessar possa, no seu estilo megalomaníaco, ao publicar no jornal The New York Times uma carta aberta ao povo americano, cujo teor é idêntico ao seu atual discurso. 34 anos e 5 meses depois, só mudam as nações alvos dos ataques. Trump é conhecido e previsível. Seu retorno através da midiática democracia dos poderosos, foi uma ratificação de que os Estados Unidos da América optou por dar um voto de confiança ao lado viril da masculinidade ao invés de rejeitá-la como tóxica. Para um povo oprimido pelo poder burocrático, restou evocar o senso comum de que :  …tempos difíceis criam homens fortes, homens fortes criam tempos fáceis, tempos fáceis criam homens fracos, homens fracos criam tempos difíceis… Ciclo da vida? Aliás, “ciclo” é uma palavra da moda.

Na época, ao ser entrevistado pela rede ABC de televisão sobre a carta aberta ao público paga com o próprio bolso, Trump falou coisas como*: 

Entrevistador: “ - Por que você publicou sua carta no jornal?”

Donald J. Trump: “- Sou um americano orgulhoso e estou cansado de ver este país ser explorado por praticamente todas as nações do mundo. Quando olho para o Japão como exemplo — e eu amo o povo japonês, faço muitos negócios com eles — vejo que eles se aproveitaram dos Estados Unidos. Estamos defendendo o Japão, que agora é o país mais rico do mundo, e isso não faz sentido. Estamos enviando navios para o Golfo Pérsico e estamos pagando por isso, enquanto o petróleo vai para o Japão. Eles obtêm 60 a 70% do seu petróleo do Golfo, enquanto nós recebemos apenas 4 a 5%. Nós realmente não precisamos dele. Por que o Japão não está contribuindo? Por que a Arábia Saudita e o Kuwait não estão contribuindo com grandes quantias para sua defesa? Isso não faz sentido.”

 

Ontem, 05 de fevereiro de 2025, o que mudou? O mundo? Sim! Trump? Não.

Em 1987 o PIB do Brasil era de cerca de US$ 370Bi e o da China US$ 270Bi. Os pais brasileiros da geração TikTok viviam em um país mais rico que a China. Talvez os filhos jamais acreditem e creiam que este fato seja uma falsa narrativa como tantas outras das redes sociai e das próprias mídias regulamentadas pelo poder do estado. Dos pais para os filhos, de 1987 para 2025, o Brasil da Ordem e Progresso cresceu cerca de 6 vezes descontada a inflação. O PIB da China cresceu assustadoras 68 vezes!

Trump é da estirpe humana imperialista megalomaníaca. Faraós, Reis, Sheiks, Imperadores, dos gêneros masculino ou feminino, seja lá o nome do cargo do ocupante, seja os meios que o fizeram chegar lá, há um traço comum nestes indivíduos. Tem em si o impulso inato de imprimir sua visão, sua vontade, seu nome, suas crenças, seus defeitos e suas virtudes nas páginas da história. O desejo é ser imortal e ser adorado eternamente, nas mentes, na internet e nos corações da humanidade, de qualquer maneira. 

É cedo para dizer o que acontecerá na Faixa de Gaza. É uma acusação leviana afirmar que Trump propôs uma limpeza étnica. De acordo com a sua biografia e com seu pronunciamento, o mais provável é que ele queira realizar o desenvolvimento imobiliário na região, ao estilo de Túnis, capital da Tunísia, com a presença de Palestinos em liberdade e vivendo uma vida digna. Algo similar ao que o Império Romano fez há cerca de 2.200 anos atrás na III Guerra Púnica, conquistando Túnis, antes Cartago. Hoje, a Tunísia é uma república. Amanhã, impossível afirmar o que será da Faixa de Gaza. Mas uma coisa é certa, os EUA tem total condições de dar uma bela organizada, basta fazer.

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