O cupim da República
Confira o artigo de Marcelo Cordeiro desta quinta-feira (21)
Foto: Rodrigo Viana/Senado Federal
Ninguém mais desconhece que a operação Lava Jato está morta e sepultada. A celebração das exéquias consiste numa cerimonia pagã da encomendação do corpo, daquela que foi a uma espetacular e impensável conquista do povo brasileiro.
Não resta pedra sobre pedra no meticuloso ofício de restaurar a casa de cupim que infestava o país. Da obra gigantesca e engenhosa de que se ocuparam os ministros da suprema corte e a corte política do país redundou as mais extravagantes invencionices.
Entre elas a anulação de provas dos crimes praticados, a devolução de bilhões de reais aos assaltantes do país, a suspensão das multas bilionárias estabelecidas em acordos de leniência legalmente firmados, os benefícios judiciais estendidos ao crime organizado, enfim a solerte e miserável confirmação de que o crime compensa.
Para fechar com chave de ouro a inacreditável restauração do crime e do criminoso transferiu-se da cadeia o principal mentor deste cenário de horrores morais, para instala-lo na mais alta magistratura do país: a presidência da república.
Tudo isso ao arrepio da lei e da Constituição, da Constituição promulgada em 1988 e que veio a lume para ser o “documento da liberdade, da dignidade, da democracia, da justiça social do Brasil. Que Deus nos ajude para que isto se cumpra!”, nas palavras de Ulysses Guimarães, proferidas no ato da promulgação da nossa lei maior.
A profecia, todavia, não se concretizou. A Constituição está em frangalhos, convertida em letra morta por quem incumbe zelar pela sua aplicação, ao invés de patrocinar os horrores já mencionados.
Confira a coluna na íntegra aqui.