ONU completa 75 anos em um dos momentos de maior instabilidade da entidade
Pandemia do coronavírus agravou a situação com países como Estados Unidos e Brasil

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Nesta sexta-feira (26), marca os 75 anos da assinatura da Carta de São Francisco, documento que deu vida a Organização das Nações Unidas (ONU) e que ajudou a transformar o mundo pós-Holocausto.
O documento tinha como objetivo impedir que os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial voltassem a ocorrer e ainda estabelecia a segurança coletiva.
A ONU celebra mais um ano em um dos momentos de maior instabilidade da entidade, pois para muitos governos, a exemplo dos Estados Unidos que ameaçou sair da organização, a pandemia de Covid-19 veio como um recado de que o mundo precisa de uma organização.
A data também ocorre em um período de relação estreita entre a ONU e o Brasil, que atualmente faz campanha para esvaziar as Nações Unidas e desmontar o poder das instituições para não serem influenciados internacionalmente e, assim, defender o posicionamento dos EUA, que critica sistematicamente os tratados e organismos multilaterais, como o Acordo de Paris à respeito das mudanças climáticas.
O presidente Jair Bolsonaro tem rejeitado qualquer tipo de recomendação internacional e critica condução da OMS, ainda que tratados e assinados pelo Brasil, onde estipulam a capacidade dos órgãos realizarem uma monitoração das violações dos direitos humanos, além de fazer cobranças sobre a postura do país.
Para o professor emérito da Fiocruz e membro titular da Academia Nacional de Medicina, Paulo Buss, "o confronto com a OMS parece estar aparentemente em linha com o afastamento sistemático do Brasil do multilateralismo, adotado pelo Itamaraty no governo atual".
"O Brasil foi um dos proponentes da criação da OMS, por meio de sua delegação, na Conferência de São Francisco sobre as Nações Unidas, em 1945, momento de reorganização do multilateralismo mundial", contou Buss.
Em Brasília, segundo o UOL, fontes da chancelaria confirmaram que a meta do governo é esvaziar a entidade, principalmente para evitar que a China se aproveite do sistema desenvolvido pelos americanos depois da Segunda Guerra Mundial para legitimar a expansão e influência do seu país.
Se o Brasil for eleito para uma vaga não-permanente (período de dois anos) no Conselho de Segurança, em 2021, único órgão da ONU com poder decisório e responsável ela paz e segurança internacional, as estratégia e apoio às decisões dos EUA serão implementadas no país, para que desta forma, a influência chinesa seja contida, já que país faz parte dos cinco membros permanentes na entidade.