Congressistas veem decisão do STF sobre prisão de Collor como justa, mas alertam para efeitos políticos
Desfecho prejudica imagem do Brasil, diz Otto Alencar; para deputado Zucco (PL-RS) tratamento é desigual ante outros casos da Lava Jato

Foto: Farol da Bahia/Bruno Spada/Câmara dos Deputados
BRASÍLIA - A prisão do ex-presidente e ex-senador Fernando Collor de Mello, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), provocou reações distintas no meio político. Embora considerem a decisão justa, congressistas também alertaram para os impactos que o caso pode ter na imagem do Brasil e criticaram o que chamam de "tratamento seletivo" da Justiça em outros episódios semelhantes.
Ao Farol da Bahia, o senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que a trajetória de Collor sempre foi marcada por denúncias e instabilidades, desde sua eleição em 1989 até a renúncia para evitar o impeachment, em 1992. Para Alencar, o desfecho com a prisão não causa surpresa, uma vez que Collor teve "uma carreira muito cheia de percalços e de problemas".
O senador baiano disse respeitar o trabalho da Justiça em todas as instâncias, mas afirma lamentar o desfecho mais pelo impacto simbólico do que pelo destino pessoal do ex-presidente. "A repercussão internacional é muito ruim para o Brasil, como seria para qualquer outro país. Então, eu lamento, fico até triste e não comemoro, mas a justiça deve sempre prevalecer."
Já o deputado federal Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, elogiou o devido processo legal em relação a Collor. Em sua análise, a prisão seguiu "todos os trâmites jurídicos e garantias constitucionais". Ele, no entanto, critica o que vê como um "tratamento desigual" na comparação com outros políticos investigados.
Para Zucco, a atuação da Justiça em casos como o do ex-presidente Jair Bolsonaro tem sido marcada por "pressa, julgamentos precipitados e interpretações duvidosas da legislação". Em sua avaliação, o político alagoano foi "um dos únicos que efetivamente foi preso como consequência da Operação Lava Jato", enquanto outros envolvidos, como o presidente Lula (PT), tiveram condenações anuladas.
Prisão
Fernando Collor foi condenado pelo STF em 2023 a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em esquema relacionado à BR Distribuidora, braço da Petrobras. De acordo com as investigações, ele teria recebido cerca de R$ 20 milhões em propinas entre 2010 e 2014 para favorecer contratos da UTC Engenharia.
O ex-presidente foi preso na última sexta-feira (25) em Maceió (AL), quando se preparava para viajar a Brasília. A ordem foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, após a Corte considerar que a defesa utilizava recursos apenas com o objetivo de atrasar a execução da pena. Atualmente, Collor cumpre pena em uma ala especial de um presídio na capital alagoana.