PF afirma que Ramagem imprimiu informações sigilosas sobre inquéritos eleitorais, aponta site
Segundo órgão, documentos “possivelmente” seriam repassados para o "núcleo político" responsável pelo suposto esquema ilegal na Abin
Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil
Em material enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal afirmou que Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Espionagem (Abin), imprimiu informações sigilosas sobre inquéritos policiais do Rio de Janeiro. Segundo a PF, os documentos “possivelmente” seriam repassados para o "núcleo político" responsável pelo suposto esquema ilegal na Abin. A informação é do jornalista da Globo News, Valdo Cruz e do repórter da Globo, Márcio Falcão.
"A premissa investigativa ganha concretude com a identificação de informações sigilosas impressas pelo delegado Alexandre Ramagem, possivelmente para entregar aos destinatários do núcleo político", afirmou a PF.
A análise da PF está presente na decisão do Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou uma operação de busca e operação em endereços de pessoas suspeitas de terem ligação com o esquema ilegal de espionagem na Abin. O vereador Carlos Bolsonaro foi um dos alvos da operação.
A polícia identificou que, nos documentos impressos por Ramagem, consta número de inquérito, nome do investigado, o cargo político e o partido da pessoa.
"A CGU, nesta trilha, identificou impressão de documento pelo então diretor da ABIN, contendo a lista com informações dos inquéritos eleitorais da Polícia Federal no estado do Rio de Janeiro. A lista impressa pelo delegado Alexandre Ramagem apresenta o número de inquérito, nome do investigado, o cargo político e o partido político".
No documento enviado ao STF, a PF se refere ao suposto esquema na Abin como ação de uma "organização criminosa". Além disso, aponta que o indício de um "núcleo político" foi a espionagem feita contra um servidor. Segundo a PF, esse servidor foi demitido pelo governo após sua atuação no combate ao desmatamento.
O Ministro Alexandre de Morais ressaltou, na decisão que autorizou a operação da PF, que as "provas indicam", de forma "significativa", a existência de uma "organização criminosa infiltrada na Abin".
"Desse modo, os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na ABIN também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras", escreveu o ministro.