Quase 80% dos reajustes salariais em 2023 ficaram acima da inflação, aponta levantamento
Fundação Instituto Econômico de Pesquisas mostra ganho real de 1 ponto percentual acima do INPC nas remunerações
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
O reajuste salarial negociado por sindicatos em convenções e acordos coletivos em 2023 ficou, em média, em 5,5%, representando um ganho de 1% acima da inflação aos trabalhadores. No ano, 78,2% das renegociações previram aumentos salariais reais.
O levantamento, realizado pela Fundação Instituto Econômico de Pesquisas (FIPE), levou em consideração os dados do Salariômetro de janeiro mais a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
A categoria que teve aumento real mais expressivo foi a da construção civil (1,52%). "Quando a atividade está muito em expansão, como a construção civil, ela contrata muitos trabalhadores. Isso aumenta o poder de barganha dos trabalhadores, que conseguem os melhores aumentos. Isso não é surpresa, é sintomático", afirma Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Salariômetro.
Em segundo lugar no ranking dos setores com os maiores aumentos está a agropecuária (1,52%). O setor de serviços aparece em terceiro, com 1% de reajuste mediano acima da inflação.
A pesquisa ainda mostra que a região do país com o maior aumento acima da inflação foi a Centro-Oeste, com 1,07%, enquanto no Norte foi de 0,53%, o que representa um reajuste salarial menor.
"Isso tem a ver com o agronegócio, que foi o segundo com maior aumento real. Onde ele está crescendo, ele gera muita renda, e a renda gera consumo, que aquece a economia regional. E o Centro-Oeste é economicamente estruturado na agropecuária", explica o coordenador do estudo.