Brasil

Restaurantes por quilo não resistem à pandemia e fecham as portas

Abrasel estima que cerca de 80 mil restaurantes deste tipo já fecharam as portas no país

Por Ane Catarine Lima
Ás

Restaurantes por quilo não resistem à pandemia e fecham as portas

Foto: Getty Images

O trabalho em home office e as medidas de restrição reduziram drasticamente a clientela e, dessa forma, têm prejudicado estabelecimentos ligados ao setor de bares e restaurantes, que são um dos mais atingidos pela pandemia causada pela Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, no Brasil. Nesse contexto, muitos estabelecimentos formatados especialmente para servir refeições rápidas para quem almoça fora, conhecidos como restaurantes por quilo ou self-service, tiveram que fechar as portas ou tiveram o lucro fortemente reduzido. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que 80 mil estabelecimentos deixaram de existir no país por conta da crise econômica causada pela pandemia.

Ainda segundo a Abrasel, antes da pandemia, o Brasil tinha cerca de 200 mil restaurantes “por quilo” espalhados por todo território nacional. Agora, a estimativa atual é de que este número tenha caído para 120 mil, o que representa o desaparecimento de 80 mil negócios. Em Salvador, empresários do setor relatam a desvalorização de bens e perda de dinheiro na hora de fechar o negócio em meio à falta de clientes e, além disso, as incertezas acerca do funcionamento do negócio devido aos horários de restrições instáveis ditados pela prefeitura local. Contudo, apesar de todos os desafios do momento, a  expectativa é que o self-service volte a ganhar espaço após a intensificação da vacina contra a Covid-19 no país. A família de Tainá Rebouças, 24 anos, é dona de um mercadinho no bairro de Águas Claras, em Salvador, que também funciona como self-service de 12h até 15h.

Ela disse, em entrevista ao Farol da Bahia, que o mercadinho, que “vende de tudo um pouco”, é que tem garantido o faturamento nesse momento de pandemia. Segundo ela, a clientela reduziu bastante e “poucas pessoas procuram o estabelecimento para almoçar”. “Como o bairro é muito movimentado, muitas pessoas que trabalham na região ou até mesmo estudantes vinham almoçar aqui. Agora, com as escolas fechadas e muita gente trabalhando de casa, isso mudou muito. Também acontece de as pessoas preferirem economizar nesse momento de crise e optarem por não almoçar na rua”, disse.

“Em relação ao mercadinho, as vendas também diminuíram muito. O movimento caiu. Como é um estabelecimento de bairro, costumo conversar sempre com meus clientes e muitos relatam que estão passando por momentos difíceis financeiramente. A gente começou a perceber na pandemia, por exemplo, que as pessoas usam apenas o início de mês para fazer compras e não retornam mais”, completou. 

Ainda de acordo com o levantamento da Abrasel, os restaurantes por quilo, que contavam com um movimento altíssimo antes da crise, atualmente contam com menos de 10% do movimento pré-pandemia. Estabelecimentos antes lotados em dias de semana agora apresentam placas de venda em suas fachadas. Em São Paulo, a associação estima que só no estado 50 mil estabelecimentos fecharam as portas definitivamente durante a pandemia, sendo 12 mil apenas na capital paulista. Thomas Carlsen, COO e co-fundador da mywork, startup especializada em controle de ponto online e gestão de departamento pessoal para pequenas e médias empresas, disse que os empresários do setor setor de bares e restaurantes estão em sua maioria endividados. “O setor de bares e restaurantes é um dos que mais conta com pequenos empreendedores no país e, destes, a maioria está endividada. Muitos estabelecimentos são pequenos negócios e até mesmo negócios familiares, o que dificulta a renegociação de dívidas e a quitação de pendências fiscais”, disse.

A Abrasel aponta também que cerca de 335 mil bares e restaurantes já encerraram as atividades definitivamente no país, considerando todos os segmentos. “O fechamento de portas não representa apenas um encolhimento na economia, mas também a extinção de milhões de postos de trabalho, o que só aumenta as taxas de desemprego no país”, avalia o executivo, “A sobrevivência de restaurantes por quilo e de tantos outros empreendimentos do setor depende diretamente da aceleração da vacinação”, conclui. 

Futuro do setor

Devido às incertezas causadas pela permanência da pandemia e o ritmo lento da vacinação contra a covid, a avaliação de especialistas do setor é que o esvaziamento das áreas comerciais deve permanecer até que a população esteja vacinada e se sinta mais segura para voltar a circular pelas ruas. Apesar de a sobrevivência dos restaurantes por quilo depender da aceleração da vacinação e da volta dos trabalhadores aos escritórios, a avaliação da Abrase é que o sistema self-service não irá morrer. 

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