Política

'Saímos de especulações para provas', diz Gilmar sobre indiciamento de Bolsonaro

Gilmar disse ainda ter ficado "admirado" com os dados obtidos pela PF

Por FolhaPress
Ás

'Saímos de especulações para provas', diz Gilmar sobre indiciamento de Bolsonaro

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta terça-feira (19) que houve um salto "de especulações para provas" ao comentar os avanços das investigações que levaram a Polícia Federal a indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19.

"Em se tratando das investigações gerais, e eu como um observador da cena já há muito tempo, raramente a gente teve avanços tão significativos. Nós saímos de especulações para provas", disse o ministro após evento sobre descarbonização organizado por Esfera Brasil e MBCBrasil em Brasília.

Gilmar disse ter ficado "admirado" com os dados obtidos pela PF. "Eles [os dados] são, de fato, muito convincentes de que algo muito ruim estava em marcha", afirmou.
Além de Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e mais 14 pessoas foram indiciadas pela PF. Este é o primeiro de três casos que têm o ex-presidente na mira, e que a PF espera concluir até julho.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, o relatório da PF que indiciou o ex-presidente afirma que a fraude no caso dos cartões de vacina pode ter sido realizada no escopo da tentativa de aplicar um golpe de Estado no país e impedir a posse de Lula (PT).

Questionado sobre os depoimentos dos ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Baptista Júnior (Aeronáutica), o ministro do STF disse que, sobre comprovação, é preciso aguardar o processo. Ele ainda detalhou os trâmites.

"A Polícia Federal fará relatório, mandará para a Procuradoria-Geral. A Procuradoria-Geral avaliando, fará denúncia, a denúncia terá que ser submetida ao crivo do Supremo Tribunal Federal, então haverá direito de defesa e, então, o tribunal recebe a denúncia", disse.

"Depois dessa fase, vem a fase da instrução. Se tudo isso ocorrer positivamente, aí apresentam-se provas de um lado e de outro e se julgam. Assim, a gente tem a conclusão", complementou.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, Bolsonaro poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos. Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030.

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