Santos Cruz diz que envolver Forças Armadas em apuração eleitoral é 'politicagem mais baixa possível'
Segundo o ex-ministro da Secretaria de Governo, ação se trata de uma 'exploração política'
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O ex-ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz , afirmou em entrevista ao jornal Valor Econômico, nesta segunda-feira (02), que envolver as Forças Armadas na apuração dos votos das eleições é "politicagem mais baixa". Segundo ele, a possibilidade de atuação dos militares no processo, levantada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), se trata de uma "exploração política".
"É politicagem mais baixa possível da exploração das Forças Armadas. É tentativa de exploração", afirmou, afirmando que o envolvimento de militares no processo eleitoral pode ser classificado como "brincadeira", já que não é um papel das Forças Armadas.
"Imagine as Forças Armadas fazendo contagem paralela de votos? O que é isso? Isso aí é brincadeira. Isso aí é simplesmente para criar confusão. Não é papel das Forças Armadas, não é tarefa das Forças Armadas. Tem Tribunal Eleitoral para isso.", disse.
A possibilidade foi levantada pelo presidente no último dia 27, em evento no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Segundo Bolsonaro, as próprias Forças Armadas teriam sugerido a participação dos militares na apuração dos votos, sendo uma "apuração dupla". O chefe do Executivo classifica a ação como uma forma de "confiar nas eleições".
"Não se fala ali em voto impresso. Não precisamos de voto impresso para garantir a lisura das eleições, mas precisamos de ter uma maneira — e ali naquelas nove sugestões existe essa maneira — para a gente confiar nas eleições", afirmou.
Santos Cruz, no entanto, acredita que a sugestão não pode ter partido dos militares. "No caso, as Forças Armadas foram convidadas para participar, com outros, de uma avaliação do sistema, para demonstrar que o sistema é bom e confiável. Depois as Forças Armadas fizeram umas perguntas técnicas. As Forças Armadas não têm nada a ver [com eleição], então é técnico o negócio", afirmou.
"Eu não sei como foram as perguntas técnicas. Também não sei quais foram as respostas do TSE. O problema é que a partir daí você tem uma exploração política muito forte", completou.
Além disso, o general afirmou que a ação "é conveniente para quem gosta de viver no ambiente de briga. Ou para quem não quer discutir os assuntos sérios que a gente tem. Para quem não sabe administrar, aí é um bom negócio."
"Pela experiência que eu tenho, tenho certeza disso: as Forças Armadas não vão entrar numa furada dessa, não tem cabimento", concluiu.