Secretário diz que Estado 'está empenhado' em indenizar vítimas que perderam bens em confusão com torcedors do Peñarol
Victor Santos também admitiu que houve falha no planejamento para receber os torcedores Uruguaios no Rio de Janeiro
Foto: Rafael Wallace/Divulgação
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Cesar Santos afirmou que o Estado "está empenhado" em indenizar vítimas que perderam oss bens durante uma confusão generalizada na praia do Recreio, envolvendo torcedores do Peñarol.
Os uruguaios saquearam um quiosque, atearam fogo em duas motos e entraram em confronto com banhistas e policiais militares munidos de pedras, mesas e cadeiras, antes do time de Montevidéu enfrentar o Botafogo pelo jogo de ida das semifinais da Libertadores.
A fala do secretário acontece depois da entrevista do dono de um dos quiosques que chorou ao falar sobre a destruição. O prejuízo do ataque é de, pelo menos, R$ 80 mil. “Quebraram tudo, roubaram tudo. Até minha pasta de documento levaram. Isso é torcedor? Isso é bandido. Destruíram meu quiosque inteiro. E agora, meus prejuízos, ficam com quem?”, lamentou Edilson Gonçalves de Souza.
O motoboy dono de uma das motos incendiadas revelou que pagou apenas uma prestação do veículo e questionou como vai conseguir trabalhar após a destruição. “Queimaram a minha moto, quebraram tudo. Acabaram com tudo eles. É a minha primeira moto, ainda estou pagando. Eles falavam pra mim que eu podia pegar a moto, mas quando eu tentava puxar, eles tentavam me bater”, contou Jakson Britto Dias.
Vários homens, muitos escondendo o rosto, usaram paus, pedras e garrafas para atacar policiais militares e outras pessoas que estavam no local. Mesas e cadeiras foram usados como escudo.
Ao todo, 283 uruguaios foram detidos. Desses, 22 ficaram presos e um adolescente foi apreendido. Eles foram encaminhados para a Polinter e passarão por audiência de custódia nesta quinta-feira (24).
Os presos foram autuados por diversos crimes como porte ilegal de arma de fogo, furto, lesão corporal, dano qualificado, incêndio, associação criminosa, resistência, desobediência, desacato, rixa, injúria racial, corrupção de menores.
Eles também foram enquadrados no artigo 201 do Estatuto do Torcedor, sobre penas para quem promove brigas de torcidas e punições para quem “promover tumulto, praticar ou incitar a violência ou invadir local restrito aos competidores ou aos árbitros e seus auxiliares em eventos esportivos”.
Um documento da Polícia Militar, assinado na terça-feira (22), véspera da semifinal da Libertadores da América, entre Botafogo e Peñarol, previa possíveis tumultos causados por torcidas organizadas. Ainda de acordo com Victor Santos, houve uma falha no planejamento da polícia para receber os torcedores.
“Qual é a proposta? Vislumbre o pior cenário. Qual é o pior cenário que eu posso ter dentro do que as pessoas veem? E aí eu vou dimensionar o número de policiais. Eu prefiro ter um número muito além e desmobilizar é eficaz do que ter um número muito aquém e preciso mobilizar”, disse.
O jogo
O Botafogo goleou o Peñarol por 5x0 em casa, no estádio no Nilton Santos, em uma noite histórica.
Os gols foram marcados por Savarino, Barboza, Luiz Henrique e Igor Jesus, todos no 2º tempo.
Os times decidem a vaga na decisão do torneio continental na outra quarta (30). O próximo duelo será disputado no Campeón del Siglo, em Montevidéu. O Peñarol precisa vencer por cinco gols de diferença para levar para os pênaltis ou por seis ou mais gols para avançar na competição.
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