“Todo mundo ficou perplexo”, diz Marco Aurélio sobre voto de Cármen Lúcia pela suspeição de Moro
Magistrada considerou Moro parcial ao julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Foto: Agência Brasil
O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio Mello, afirmou nesta quinta-feira (1°), que ficou "perplexo" com o voto da ministra Cármen Lúcia no julgamento da Segunda Turma que declarou a suspeição do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro. Na ocasião, a magistrada modificou o voto inicial e considerou Moro parcial ao julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Operação Lava Jato. Com isso, o ex-ministro da Justiça foi apontado como suspeito pela maioria do colegiado (3 votos a 2).
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro, que se aposenta no dia 5 de julho, disse que a colega "deve ter tido as razões dela". “Não entendi até hoje o voto da ministra Cármen Lúcia, minha colega, no que ela, em 2018, acompanhou o relator, ministro [Edson] Fachin, e agora, na última sessão, reajustou o voto”, afirmou.
“A mudança é sempre possível, desde que não tenha havido proclamação final, e não houve. Houve pedido de vista que se projetou no tempo de 2018 até agora. Ela poderia em tese reajustar? Poderia. Ela se convenceu que deveria reajustar e reajustou. E aí, evidentemente, como tenho meus processos para relator, para estudar, não fui atrás para saber as razões dela. Mas que todo mundo ficou perplexo, ficou”, completou o ministro.
Marco Aurélio admitiu que as constantes mudanças de entendimento do STF confundem o público “leigo” nas questões jurídicas. “Se eu, com 42 anos de ofício judicante em colegiado, pegando no pesado, fiquei atônito, imagina o leigo. Foi o que disse, gera uma insegurança muito grande”, disse.