TV Pai Eterno desautoriza padre que negociou verba com Bolsonaro
Apelo foi feito durante videoconferência em maio
Foto: Reprodução/Youtube/Presidência da Republica
A TV Pai Eterno desautorizou o pedido de ajuda em forma de verbas publicitárias feito por um de seus padres-apresentadores ao presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de uma oferta para apresentar notícias positivas sobre ações do governo. O episódio, revelado pelo jornal O Estado de São Paulo, agravou a divisão interna entre a ala conservadora, mais simpática ao presidente, e os considerados progressistas, críticos a Bolsonaro.
"A nossa realidade é muito difícil e desafiante, porque trabalhamos com pequenas doações, com baixa comercialização, e dentro dessa dificuldade estamos precisando mesmo de um apoio maior por parte do governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia, levando ao conhecimento da população católica, ampla maioria desse País, aquilo de bom que o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo", disse o missionário redentorista Welinton Silva, em apelo ao presidente.
No ar desde 2019, a TV Pai Eterno é ligada ao santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), sendo a mais nova das geradoras de conteúdo católicas. A emissora disse que o padre Welinton Silva, apresentador que participou em 21 de maio de videoconferência com Bolsonaro, havia recebido um convite pessoal do líder do governo na Câmara dos Deputados, major Vitor Hugo (PSL-GO). Por isso, a emissora considera que o encontro era "informal" entre o presidente, a Frente Parlamentar Católica e convidados da Igreja.
Na ocasião, o padre Welinton convidou Bolsonaro para visitar o local. A TV e o santuário são iniciativas dos missionários redentoristas, que também mantêm a TV Aparecida, e haviam manifestado "desconforto e discordância". A Comissão de Mídias Redentoristas afirmou que a oferta dos padres e leigos católicos a Bolsonaro era um "atentado à unidade da Igreja" e "falta de compromisso com o Evangelho".
Repercussão
"A TV Pai Eterno nunca fez e não faz barganhas", disse a emissora, em nota que repete as palavras usadas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reproduzidas pelo veículo oficial do Vaticano. A emissora disse trabalhar em comunhão com a CNBB e a Signis Brasil, rede católica que congrega veículos de comunicação.
A CNBB se disse "indignada" com a conversa entre Bolsonaro, deputados de Frente Parlamentar Católica e representantes de emissoras, entre eles sacerdotes e leigos. A entidade dos bispos brasileiros, que não participou do encontro, afirmou que a Igreja não faz "barganha".