Unecs divulga nota de repúdio após declaração de Lula
Presidente afirmou que “não ganha muito dinheiro porque ele trabalhou; ele ganha muito dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam”
Foto: Reprodução
A União Nacional das Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) divulgou na última sexta-feira (21), uma nota de repúdio após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar durante entrevista ao Globo News, na quarta-feira (18), que o empresário brasileiro “não ganha muito dinheiro porque ele trabalhou; ele ganha muito dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam”.
Em nota, a UNECS disse que a fala do presidente “demonstra preconceito e desconhecimento sobre a importância do empresariado brasileiro. Mais do que isso, instiga o conflito nas relações entre patrões e empregados, em um contexto no qual a cooperação é fundamental para o sucesso de todas as partes”.
A União afirma que está empenhada para estabelecer uma “excelente” relação com o novo governo, mas não pode aceitar que o esforço e o trabalho do empresário brasileiro não seja reconhecido.
“Entretanto, a UNECS acredita que não é possível admitir que o principal líder do país estimule a desavença e a desarmonia entre empregados e patrões. Ao contrário, de um governo eleito e com uma proposta de diálogo, espera-se que questões tão fundamentais como essas não sejam generalizadas, mas que sejam tratadas como se deve – em mesas de negociação.”
A declaração do presidente Lula ocorreu após ser questionado sobre as responsabilidades social e fiscal.
“Elas [a responsabilidade fiscal e a responsabilidade social] são antagônicas por causa da ganância, sabe, das pessoas mais ricas, ou seja, as pessoas não querem… o empresário não ganha muito dinheiro porque ele trabalhou. Ele ganha muito dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam. O que nós queremos é que apenas haja a contrapartida no social. Não interessa a gente ter uma sociedade de miseráveis. Nós queremos ter uma sociedade de classe média. Nós queremos que a pessoa tenha poder de consumo. Nós queremos que as pessoas possam viajar. Nós queremos que as pessoas possam comprar uma casa. Nós queremos que as pessoas possam comprar um carro. É o mínimo necessário que precisamos garantir para as pessoas. Que eles consumam aquilo que eles produzem. Agora, o que tem acontecido no Brasil? Se você pegar o relatório da economia, você vai ver que muita gente que era rica ficou muito mais rica, e o pobre ficou mais pobre”.
Para o petista, é preciso ter “contrapartida social”.
Leia nota na íntegra:
A União Nacional das Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) repudia a fala do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o empresário brasileiro “não ganha muito dinheiro porque ele trabalhou; ele ganha muito dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam”. A menção se deu durante entrevista para o canal por assinatura GloboNews, nesta quarta-feira (18).
Ao congregar as maiores representantes organizadas e de livre adesão do setor, a UNECS valoriza enormemente o árduo trabalho da classe empresarial brasileira como um todo, independente do porte ou do número de funcionários de cada estabelecimento, uma vez que, dos empreendedores individuais às grandes organizações, o empresariado representa robusta força institucional e contribui sobremaneira para o fortalecimento da livre iniciativa e para a construção de um país mais justo e próspero.
Assim, entendemos que a fala do presidente da República demonstra preconceito e desconhecimento sobre a importância do empresariado brasileiro. Mais do que isso, instiga o conflito nas relações entre patrões e empregados, em um contexto no qual a cooperação é fundamental para o sucesso de todas as partes.
A UNECS está verdadeiramente empenhada para o estabelecimento de uma excelente relação com o novo governo, mas não pode admitir que o esforço e o trabalho de cada empresário brasileiro não seja reconhecido em sua integralidade. Trabalhamos arduamente em favor do desenvolvimento deste país e contribuímos significativamente pela geração de emprego e de renda tão necessários sobretudo no período pós-pandemia.
Entretanto, a UNECS acredita que não é possível admitir que o principal líder do país estimule a desavença e a desarmonia entre empregados e patrões. Ao contrário, de um governo eleito e com uma proposta de diálogo, espera-se que questões tão fundamentais como essas não sejam generalizadas, mas que sejam tratadas como se deve – em mesas de negociação.
Subscrevem este documento os presidentes das entidades que integram o Instituto UNECS: José César da Costa, Presidente UNECS e da CNDL – Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas; Leonardo Miguel Severini, Presidente da ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores; João Carlos Galassi, Presidente da ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados; Paulo Solmucci, Presidente da ABRASEL – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes; Paulo Eduardo Guimarães, Presidente da AFRAC – Associação Brasileira de Automação para o Comércio; Alfredo Cotait Neto, Presidente da CACB – Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil; Geraldo Defalco, Presidente da ANAMACO – Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção.