"Caso do menino Joel é emblemático", afirma Laina Crisóstomo
PMs acusados do assassinato da criança de dez anos começaram a ser julgados nesta segunda (6)
Foto: Reprodução
A vereadora de Salvador, Laina Crisóstomo (PSOL), falou, nesta segunda-feira (6) sobre o julgamento dos Policiais Militares acusados do assassinato do menino Joel, de 10 anos, ocorrido em 21 de novembro de 2010. Emocionada, a parlamentar afirmou que o caso é emblemático, e fez críticas à demora para o julgamento dos PMs e a política de segurança pública do estado.
“A gente não está falando de Joel apenas ou do meu irmão de santo. A gente está falando de um projeto político que tem assassinado corpos pretos. No período da pandemia, a gente teve crianças de 6 anos que foram assassinadas, crianças de 12 anos que foram assassinadas dentro de casa, comemorando aniversário,” disse Laina.
“O que a gente está dizendo é qual a política de segurança pública que está sendo implementada? A que corpos tomba, a que corpos faz cair? Então, quando a gente vê esse caso do menino Joel é muito emblemático, porque traz também uma reflexão de que é isso. O menino tinha 10 anos e só de tempo de espera para uma justiça a gente está esperando 13. Ele não tinha nem 13 anos de vida, e a vida dele foi interrompida,” acrescentou.
Na manhã desta segunda, o ex-policial militar Eraldo Menezes de Souza e o tenente Alexinaldo Santana Souza começaram a ser julgados no Tribunal do Júri pela morte de Joel. Os acusados respondem por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, fútil e por impossibilitar a defesa da vítima.
Laina também afirmou que o assassinato de uma criança de dez anos por policiais evidencia o projeto de polícia do estado, e que é necessário garantir educação e lazer para a população.
“Quando a gente vê uma criança de 10 anos ser assassinada por dois policiais, a gente tá dizendo qual é o projeto de polícia que esse estado quer, e que essa prefeitura quer. Quando não tem creche, quando não tem vaga de escola, quando não tem estrutura. A gente está na capital da desnutrição, a gente tá na capital do desemprego, a gente tá na capital da fome. Qual é a política que é pensada para uma outra lógica?, questionou.
Relembre o caso
O crime aconteceu no dia 21 de novembro de 2010. Na ocasião, a criança foi atingida por um disparo de arma de fogo no rosto quando se preparava para dormir em seu quarto, localizado no primeiro andar da casa, no bairro do Nordeste de Amaralina.
Na denúncia conta que os policiais chegaram atirando e, durante um breve momento em que os tiros cessaram, o pai da vítima pediu a todos que se abaixassem, abriu a janela e viu policiais com armas apontadas na direção da sua casa. Logo em seguida, todos da casa deitaram no chão, exceto Joel que ficou em frente à janela, sendo então atingido no rosto.