Vídeo: 'Não há necessidade dessa compra', diz presidente da Frente da Agropecuária sobre leilão do arroz
Governo cancelou o pregão após irregularidades, mas vai realizar outro para importação do grão
Foto: Billy boss/Câmara dos deputados
BRASÍLIA -- O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), destacou que o Brasil não precisa importar arroz para suprir uma possível crise devido a enchente no Rio Grande do Sul, que é um grande produtor do grão. A declaração foi dada nesta terça-feira (18).
O deputado participou de uma audiência pública destinada a "debater e avaliar a decisão do governo federal pela necessidade de importar 1 milhão de toneladas de arroz e seus
respectivos impactos para a cadeia produtiva do setor arrozeiro e para a economia brasileira".
Durante a audiência, o presidente da FPA pontuou que no dia 13 de junho, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) emitiu um documento, em que informava não haver risco de desabastecimento de arroz e que há 10,4 milhões de toneladas colhidas e à disposição do mercado brasileiro.
"Ou seja, não há necessidade dessa compra. Qual é essa vontade tão grande para fazer uma compra emergencial?", questionou o deputado. "Eu acho que sei a resposta. A medida provisória sobre a tragédia e emergência no Rio Grandes do Sul justifica o furo no teto de gastos, com o furo, eles justificam nessa medida provisória o gasto de R$ 7,5 bilhões para comprar arroz que não há necessidade, sem ter que justificar esses gastos", acusou.
Lupion apontou ainda que o povo do Rio Grande do Sul não seria beneficiado com a importação de arroz, visto que o produto será importado e não vai favorecer os produtores locais: "é algo que não tem a mínima justificativa e nós vamos tentar descobrir essa história a fundo até o final".
O leilão, no entanto, segundo o governo federal, visa garantir estoque e impedir uma escalada nos preços do produto e favorecer toda a população do Brasil, não só o Rio Grande do Sul e os produtores do estado.
O leilão para importação de 263 mil toneladas de arroz foi anulado pelo governo federal no último dia 11, após indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. O governo pretende fazer um novo leilão.
Outra polêmica do leilão envolve o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller. Ele foi exonerado do cargo no dia 12 deste mês. Geller também marcou presença na sessão desta terça-feira (18) na Câmara dos Deputados.
O ex-secretário disse, na sessão, que ficou chateado com a sua demissão e que não foi a favor da realização do leilão: “eu não devo. E, por isso, eu fiquei chateado, sim, com o ministro da Agricultura com a forma como eu saí do governo”.
Um ex-assessor de Geller, que é sócio do filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão. É apontado um suposto favorecimento da corretora do ex-funcionário de Neri Geller na concorrência.
Para Pedro Lupion, era para o presidente da Conab, Edgar Pretto, ter sido convocado para explicar o leilão na sessão, e não o ex-secretário.
"O ex-secretário, Neri Geller, tem sido bem evasivo nas questões políticas. É óbvio que ele saiu extremamente decepcionado do governo, que ele apoiou e participou bastante da elaboração dessa composição de governo, e sai como o único culpado de uma história que tem diversos atores", afirmou. "Eu gostaria que quem estivesse ali falando, se fosse o presidente da Conab, não o ex-secretário Nery Geller, porque acho que como a pasta responsável pela compra, ele tem muito mais a explicar do que o próprio Neri", concluiu.
Assista declaração: