O poeta e a praça

Ás

O poeta e a praça

Tenho nojo da Ditadura. A do Judiciário, principalmente. A que tem os punhos de renda e sofisticam tudo que toca. Liberam para os prazeres da vida os verdadeiros criminosos, assaltantes, homicidas e traficantes. Criam fantasmas e inventam crimes que só existem em suas cabeças paranoicas. Difundem o medo e convertem cidadãos, os desavisados, em súditos. Mentem a torto e a direita e sua encardida perversão moral sujam as águas límpidas da política.

Tamanha degeneração desfigura e dessangra o corpo moral da Nação. É uma cena dantesca e horripilante ver as leis e os valores feridos de morte. Exangues e desmoralizados.

Chega ao ponto de sequestrar o ânimo de escrever e anular nosso grito de horror. O papel em branco não é capaz de absorver tanta humilhação e tanta descrença, sujeitos que estamos ao governo dos homens e não das leis.

Pedi socorro a um dileto amigo, que me indicasse o antídoto, com o qual me libertasse desse torpor insuportável. Creio na Democracia, na liberdade de expressão -sua base- e, independentemente das minhas convicções ideológicas, estou certo que a igualdade de todos perante as leis -base da Republica – a todos deve ser assegurado.

Em resposta recebi inestimável colaboração. Meu amigo lembrou-me o magistral verso de Manoel de Barros, admirável poeta, que me deu a mão nesta hora atormentada, disse ele: “o que escrevo 90% é invenção e 10% é mentira”.

Por que não, para alívio da minha alma atormentada, conceber a nossa realidade, de tão macabra, cínica e perversa que é, como uma invenção, digna dos escritores de  terror e insidiosas maquinações? 

Começo dizendo, que uma menina, terrorista de quatro costados, ostentava perigosos artefatos inflamáveis, com os  quais, armada até os dentes, fez tremer os alicerces  sustentados pelos doutos e incorruptíveis juízes do nosso supremo poder judiciário.  A eles devemos tal gesto de destemor e devoção à pátria.

Aliás, o movimento popular de grande magnitude, ocorrido ontem na Avenida Paulista, em São Paulo, já  foi uma prévia do que será, no futuro, o reconhecimento do povo brasileiro pelo trabalho de defesa da Democracia e do estado de direito, que tão diligentemente vem sendo a obra mais significativa dos ministros, que integram a nossa suprema e imbatível corte.

Os discursos pronunciados pelas dezenas de oradores, destacando-se alguns deles, como o do próprio ex presidente Bolsonaro, a do dona Michele, o do Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o do inteligente e arruaceiro Deputado Nicolás e outros foi um  convite à desordem, à implantação da polarização  política, num país que desfruta de tanta paz e segurança, com as suas instituições respeitadas, principalmente com um poder judiciário legitimamente eleito pelo povo, fonte de onde  emana todo o poder e que tem sido um exemplo, em face dos seus sacrossantos  poderes  constitucionais.

Temos, inclusive, uma demonstração de apreço por  eventuais réus, na palavra do Ministro Presidente do intocável tribunal supremo, quando este proferiu, para ficar  na História, como lição de humildade e poder civilizatório, a frase lapidar dos gatunos e  agressores: “perdeu Mané, não amola”. Não temos outra maneira mais rica e carinhosa para tecer justas homenagens a esta categoria social, talvez a mais representativa da população brasileira..  
 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:[email protected]
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário