Editorial

Armistício de paz e o germe do ódio

Confira o nosso editorial desta quinta-feira (11)

Por Da Redação
Ás

Armistício de paz e o germe do ódio

Foto: Reprodução

Há 103, no dia 11 de novembro de 1918, a Alemanha e os Aliados assinam o Armistício de Compiègne, isto é, a rendição alemã e o fim da Primeira Guerra Mundial. 

De acordo com registros históricos da época, o armistício, que significou o imediato cessar-fogo, foi assinado pela Alemanha logo às 5h daquela manhã, e assim os exércitos alemães se retiraram do campo de batalha.  

Naquele momento, apesar dos Aliados ainda possuírem amplo suprimento bélico e humano para invadir a Alemanha nenhuma força aliada havia sequer se aproximado da fronteira alemã, estando a 720 quilômetros de Berlim. 

O contexto, além de pontual, extrapola a âmbito da guerra e respingou com pesar nas décadas seguintes, com nítidos efeitos até os dias atuais no que diz respeito a tática política de país ao redor do globo, como o Brasil.

As conexões são evidentes: devido à rendição nas primeiras horas do dia e devido ao fato de não se ter combates nas linhas fronteiriças da capital alemã, o marechal-de-campo Paul von Hindenburg, um ano depois do fim da Primeira Guerra Mundial, explicava a derrota alemã como uma sabotagem dos bolcheviques (comunistas) e judeus.

A inconsequência de reconhecer erros e tentar se esquivar de julgamentos foram postos na Segunda Guerra e na infindável polarização de ideologias que movem o mundo.

Nascia ali a chamada "lenda da punhalada pelas costas", que anos mais tarde ajudaria os nazistas a tomar o poder.

Esta versão, uma teoria alçada pelo o marechal Paul von Hindenburg militar comandante do Exército Imperial Alemão durante guerra e, posteriormente, presidente da República de Weimar de 1925 até sua morte), foi inclusive usada em demasia por Hitler para arregimentar apoiadores para o nazismo.

O argumento de Von Hindenburg, de que as forças revolucionárias teriam desmoralizado e apunhalado o Exército pelas costas, foi propagado por militares e políticos monarquistas, muito por meio de jornais conservadores e de extrema direita.

A história também contou que os traumas da Primeira Guerras foram profundos às nações que participaram da mais violenta guerra dos tempos modernos.

Conta, ainda, mas sem a necessária força para ser evitada (assim como o próprio nazismo, que insiste em brilhar os olhos de delinquentes e desclassificados do século 21), o quão perigoso é reverberar teorias conspiratórias para camuflar a queda de pessoas e governos que só merecem, mesmo, serem punidos.

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