Ata do Copom destaca possibilidade de afrouxamento da política monetária, mas ressalta cautela na condução da inflação
Cautela, serenidade e observação da desinflação são enfatizadas na última reunião do Banco Central
Foto: Agência Brasil
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira (27), a ênfase recaiu sobre a importância de cautela, serenidade e parcimônia na condução da política monetária. No entanto, o documento revelou a possibilidade de um afrouxamento da política monetária no próximo encontro, previsto para agosto, devido ao atual processo desinflacionário em curso.
Enquanto alguns membros do comitê expressaram confiança em iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião, outros foram mais cautelosos, ressaltando a necessidade de observar a reancoragem das expectativas de longo prazo e acumular mais evidências de desinflação em componentes sensíveis a impactos sazonais.
Os passos futuros da política monetária estarão diretamente ligados à evolução da dinâmica inflacionária, levando em consideração os componentes sensíveis à política monetária e à atividade econômica, além das expectativas e projeções de inflação, o hiato do produto e o balanço de riscos.
A ata reafirma a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por um período prolongado como forma de assegurar a convergência da inflação. O Comitê destaca que continuará com a atual condução da política monetária até a consolidação do processo de desinflação e da ancoragem das expectativas em torno das metas.
Além disso, a ata também abordou o cenário econômico, indicando que o setor agropecuário impulsionou o crescimento no primeiro trimestre, enquanto os demais setores devem apresentar um crescimento mais modesto ao longo do ano. A desaceleração da inflação de serviços e dos núcleos de inflação está de acordo com as projeções do Comitê, porém, as expectativas de inflação ainda se encontram desancoradas, em parte, devido a questionamentos sobre possíveis alterações das metas de inflação futuras.
O Copom ressalta a importância de decisões que reancorem as expectativas, acelerando assim a desinflação. As projeções de inflação do Copom diminuíram, especialmente no horizonte relevante, devido à redução das expectativas inflacionárias.
No cenário internacional, o ambiente externo ainda é desafiador, com os bancos centrais das principais economias empenhados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas. As leituras recentes de inflação indicam certa estabilização dos núcleos inflacionários em patamares superiores às metas, evidenciando a persistência do processo inflacionário.
No âmbito doméstico, os indicadores recentes sugerem uma desaceleração gradual da atividade econômica. Embora o mercado de trabalho tenha mostrado resiliência, com aumento líquido nos postos de trabalho e estabilidade na taxa de desemprego, houve redução na taxa de participação. A inflação ao consumidor diminuiu, principalmente nos setores de bens industriais e
alimentos, no entanto, os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária ainda se encontram acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta de inflação.
Em sua decisão, o Copom optou por manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva. A expectativa do mercado era de que o Banco Central iniciasse um ciclo de afrouxamento monetário, mas o comunicado reiterou a necessidade de paciência e serenidade na condução da política monetária em relação à inflação.
O próximo encontro do Copom em agosto promete ser crucial para a definição dos rumos da política monetária, com os membros do comitê atentos aos indicadores econômicos e ao processo de desinflação em curso, em busca da estabilidade e do controle da inflação.