Condromalácia patelar: entenda a condição crônica que causa dor no joelho!

Aos detalhes.

Por Michel Telles
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Condromalácia patelar: entenda a condição crônica que causa dor no joelho!

Foto: Div

Caracterizada pela degeneração da cartilagem localizada na parte posterior da patela (rótula), a condromalácia patelar é uma das causas mais comuns de dor anterior no joelho, especialmente entre mulheres jovens, atletas e pessoas que praticam atividades físicas com impacto. Trata-se de uma condição crônica e progressiva, que pode afetar significativamente a qualidade de vida se não for diagnosticada e tratada adequadamente.

De acordo com os ortopedistas David Sadigursky e Thiago Alvim, sócios da Clínica Omane e pesquisadores na área de terapia celular, a condromalácia pode estar relacionada a fatores como desalinhamento biomecânico, sobrecarga repetitiva, instabilidade patelar e alterações musculares. “É uma patologia multifatorial, que precisa ser avaliada de forma individualizada. Nem toda dor no joelho é condromalácia, e nem todo caso de condromalácia exige cirurgia”, explica David.

A maior incidência entre mulheres jovens, atletas e praticantes de atividades com impacto tem explicações biomecânicas e fisiológicas. No caso das mulheres, fatores como quadril mais largo — que aumenta o chamado ângulo Q, favorecendo o desalinhamento da patela —, menor estabilidade muscular e maior rotação interna do fêmur durante os movimentos contribuem para a sobrecarga articular. “Além disso, as variações hormonais ao longo do ciclo menstrual podem interferir na estabilidade ligamentar e no controle neuromuscular, favorecendo microlesões na cartilagem ao longo do tempo”, detalha Alvim.

Já entre atletas e esportistas amadores, a repetição de movimentos que exigem flexão constante do joelho — como corrida, saltos e mudanças rápidas de direção — pode levar à compressão excessiva da patela contra o fêmur, especialmente quando há desequilíbrios musculares ou técnica inadequada. Exercícios de impacto e sobrecarga, sem o devido fortalecimento e controle postural, também aumentam significativamente o risco de desgaste articular.

Entre os sintomas mais frequentes estão dor ao subir ou descer escadas, agachar, permanecer muito tempo sentado ou durante atividades físicas que envolvem flexão do joelho. Em estágios mais avançados, o desgaste da cartilagem pode causar crepitações e limitação funcional.

O tratamento é, na maioria dos casos, conservador, com foco no fortalecimento muscular, reeducação postural e controle da sobrecarga articular. “A fisioterapia tem papel fundamental, assim como o acompanhamento ortopédico para avaliar a evolução do quadro”, afirma Thiago Alvim. Casos refratários podem demandar infiltrações articulares ou, eventualmente, procedimentos cirúrgicos.

Pesquisas recentes têm ampliado o conhecimento sobre terapias biológicas, como o uso de concentrados de plaquetas e células mesenquimais, que buscam modular a inflamação e favorecer o ambiente intra-articular. “São abordagens promissoras, mas que ainda exigem critérios rigorosos de indicação e acompanhamento clínico”, destaca David.

A condição tem ganhado mais visibilidade após ser relatada por figuras públicas como a cantora Juliette, que compartilhou seu diagnóstico e a importância do fortalecimento muscular para lidar com as dores. Já a artista internacional Madonna, segundo reportagens internacionais, também teria enfrentado episódios relacionados à condromalácia, o que explicaria o uso frequente de suportes articulares e adaptações em suas apresentações.

Apesar da atenção que o tema vem ganhando, os especialistas alertam: a condromalácia patelar não deve ser banalizada nem tratada com soluções generalistas. “Cada paciente tem uma história clínica e um perfil biomecânico únicos. O mais importante é buscar avaliação especializada e adotar uma abordagem baseada em evidências”, orienta Thiago.

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