Política

Decisão da Meta é convite à extrema direita, diz secretário do governo Lula

Brant diz que a decisão da empresa vai deixar de proteger direitos individuais e coletivos

Por FolhaPress
Ás

Atualizado
Decisão da Meta é convite à extrema direita, diz secretário do governo Lula

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O Secretário de Políticas Digitais da Secom (Secretaria de Comunicação) do governo Lula (PT), João Brant, criticou nesta terça-feira (7) a decisão da Meta de encerrar o recurso de checagem de fatos das plataformas.

Em publicação no X (antigo Twitter), Brant diz que a decisão da empresa de Mark Zuckerberg, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, vai deixar de proteger direitos individuais e coletivos, além de sinalizar que a empresa não respeita a soberania dos países sobre seus ambientes digitais.

Para ele, as mudanças mostram um claro alinhamento à política do presidente eleito, Donald Trump, e um "convite ao ativismo da extrema-direita".

"O anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que 'promovem censura')", diz no post.

Nesta terça, Zuckerberg anunciou o conjunto de mudanças em suas práticas de moderação de conteúdo que encerrariam seu programa de checagem de fatos de longa data. A política foi instituída há anos para conter a disseminação de desinformação em seus aplicativos de mídia social.

Em vídeo no qual comentou a decisão em sua conta no Instagram, Zuckerberg atacou "decisões secretas" de tribunais latino-americanos. Sem citar o STF (Supremo Tribunal Federal) explicitamente, Zuckeberg disse que governo americano precisa ajudar a combater o que está sendo feito pelo Judiciário na região.

Na postagem, o secretário do governo Lula disse ainda que a declaração do CEO se refere ao STF como uma 'corte secreta', e ataca os checadores de fatos.

"Meta vai atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o Governo Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online", afirma.

Com as mudanças, em vez de usar organizações de notícias e outros grupos de terceiros, a Meta dependerá dos usuários para incluir correções ou observações a postagens que possam conter informações falsas ou enganosas.

No X, plataforma do bilionário Elon Musk, que declara apoio a Trump, a correção de informações enganosas é feita apenas pelas "notas da comunidade". Musk foi anunciado como integrante da gestão do presidente americano, à frente do novo Departamento de Eficiência Governamental.

O debate entre o Brasil e os Estados Unidos acerca das regras para o uso das redes sociais, a liberdade de expressão e o cuidado com a divulgação de informações falsas ganhou maior destaque com o embate vivido por Musk e o ministro do STF Alexandre de Moraes, que determinou regras a serem seguidas pela plataforma no Brasil.

Desde então, a disputa ganhou proporções políticas internacionais, com questionamentos do empresário e seus apoiadores ao Judiciário brasileiro.
 

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