Mais de 70% dos adultos atendidos pelo SUS em Salvador enfrentam sobrepeso ou obesidade em 2024
A obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento da síndrome metabólica
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
O sobrepeso e a obesidade são condições que impactam negativamente a saúde, aumentando os riscos de desenvolvimento de problemas como colesterol alto, doenças articulares, cardíacas, diabetes e apneia do sono, entre outras complicações. Em Salvador, entre janeiro e setembro deste ano, 31,2% dos adultos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foram diagnosticados com sobrepeso. Outros 22,16% apresentaram obesidade grau I, 10,01% grau II e 8,68% grau III, segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).
O relatório do Sisvan revela que apenas 31.924 pacientes em Salvador, o que representa 25,06% da população atendida, tinham o peso considerado adequado. No ano de 2023, 53.033 pessoas (28,28%) foram classificadas como saudáveis.
A nível nacional, 29,29% dos brasileiros estão com o peso considerado saudável. Na Bahia, o percentual é de 33,02%, o segundo maior do Nordeste, ficando atrás apenas do Maranhão, que registrou 36,03%. Esses dados são referentes a este ano.
O sobrepeso é definido quando uma pessoa tem um peso corporal superior ao recomendado para sua altura, idade e sexo. O diagnóstico é feito através do Índice de Massa Corporal (IMC), calculado dividindo o peso da pessoa em quilogramas pelo quadrado de sua altura em metros. Da mesma forma, a obesidade também é determinada pelo IMC. Quando o índice ultrapassa 30, o paciente é considerado obeso. A obesidade é dividida em três graus: grau I, com IMC entre 30 e 34,9; grau II, entre 35 e 39,9; e grau III, quando o índice é superior a 40.
De acordo com a endocrinologista do Hospital Mater Dei Salvador, Dra. Marina Cabral, a obesidade é um fator de risco importante para o desenvolvimento da síndrome metabólica, e a predisposição genética pode influenciar, mas não é determinante.
"A síndrome metabólica, que envolve hipertensão, diabetes e alterações no colesterol e triglicérides, eleva significativamente o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, a obesidade está relacionada a esteatose hepática, apneia obstrutiva do sono e ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer", explicou.
Dra. Marina, que também é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), destacou a importância do estilo de vida na prevenção da obesidade. "Embora o histórico familiar possa indicar um maior risco, não é uma sentença. A adoção de bons hábitos alimentares, combinados com a prática de atividade física, atua como um fator de proteção, prevenindo o ganho de peso sustentado e ajudando na manutenção do peso perdido."
Pedidos de cirurgia bariátrica na Bahia
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com IMC acima de 40 ou, em alguns casos, acima de 35, quando associada a doenças como diabetes, hipertensão e colesterol elevado. No entanto, Dra. Marina ressalta que o procedimento deve ser considerado como último recurso.
"A cirurgia é recomendada para pacientes entre 18 e 65 anos que não tiveram sucesso com o tratamento clínico, após um acompanhamento multiprofissional por pelo menos dois anos", pontuou.
Em 2023, foram realizadas 21 cirurgias bariátricas pelo SUS na Bahia, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Neste ano, até o momento, 38 procedimentos do tipo foram conduzidos.
"A busca por ajuda profissional, especialmente uma equipe multiprofissional composta por nutricionista e endocrinologista, é essencial para que o processo de perda de peso seja seguro e duradouro, resultando em uma verdadeira mudança de estilo de vida", concluiu a especialista.
