Misturar antidepressivos com álcool pode potencializar os efeitos colaterais dos medicamentos e ser fatal, alerta especialista
Entre os efeitos estão sedação excessiva, descoordenação motora e pressão arterial instável

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A mistura de bebidas alcoólicas com remédios psiquiátricos é considerado algo muito perigoso, mas nem sempre a recomendação é seguida à risca pelos usuários, seja por falta de conhecimento dos efeitos ou na dúvida de que "apenas uma dose" não fará mal.
Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a psiquiatra Julia Trindade, pequenas quantidades de álcool podem potencializar os efeitos dos remédios. "Não existe uma quantidade universalmente segura de bebida alcoólica que possa ser considerada inofensiva quando combinada com medicamentos psiquiátricos. A interação pode variar de pessoa para pessoa, dependendo do tipo de medicamento, a dosagem, a sensibilidade individual, a condição de saúde e o estado metabólico. Mesmo pequenas quantidades podem potencializar os efeitos colaterais dos medicamentos", explica em entrevista ao R7.
Segundo ela, os psicotrópicos são projetados para agir de maneira específica no sistema nervoso central, com o objetivo de equilibrar neurotransmissores e regular o funcionamento mental. Contudo, o álcool funciona como uma substância depressora do sistema nervoso, o que pode intensificar os efeitos sedativos ou estimulantes dos medicamentos.
Juntos a mistura pode alterar os níveis das substâncias na corrente sanguínea, aumentando o risco de efeitos colaterais graves, como sedação excessiva, descoordenação motora, pressão arterial instável, comprometimento cognitivo e até mesmo de overdose.
Em casos de ingestão de bebidas durante o tratamento, as especialistas alegam que a interação pode começar entre 30 minutos e uma hora após a ingestão do álcool. No entanto, em alguns casos, especialmente quando a bebida é consumida em grande quantidade, os efeitos podem ser mais imediatos.
A duração dos efeitos pode variar, mas tende a persistir enquanto o álcool estiver no corpo, muitas vezes se estendendo além do momento em que os efeitos do álcool por si só diminuiriam.