Operação policial resgata mulher que foi mantida em cativeiro pelo tio por quase 10 anos em cidade da Bahia
A vítima relatou ter sido sequestrada pelo suspeito desde 2015, sofrendo violência sexual e vivendo em situações precárias.
Foto: Divulgação/PC-ES
Operação policial resgatou uma mulher de 25 anos que estava sendo mantida em cativeiro por quase 10 anos pelo próprio tio. A operação foi realizada entre quinta (19) e sexta-feira (20), na cidade de Jucuruçu, no extremo sul da Bahia. Após a vítima conseguir entrar em contato com a família em uma rede social.
De acordo com os autos do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES), a vítima já era coagida pelo tio em 2014, quando ambos moravam no município de Rio Bananal, cidade do Espírito Santo, o homem cometeu o primeiro abuso sexual contra a sobrinha nesse mesmo período, ao descobrir que ela mantinha "paqueras" na escola.
No início de 2015, o homem obrigou a vítima a fugir com ele, alegando que, mataria a jovem e a família, caso ela se negasse. Na época, a jovem tinha 15 anos de idade. Diante das ameaças, a jovem deixou uma carta para a família, apenas informando que iria embora. Foi quando o pai da vítima buscou ajuda do MP-ES e da Delegacia de desaparecimento, mas não conseguiu localizá-la.
O suspeito levou a jovem para Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia. Posteriormente a vítima foi levada para outras cidades, como Vitória, no Espírito Santo, e depois para Jucuruçu, onde chegou com 18 anos.
Foram quase 10 anos sendo mantida em cativeiro, durante esse tempo, a vítima sofria agressões e vivia em situações deploráveis. Era trancada em casa, enquanto o suspeito fazia ameaças de matar ela e a família, caso tentasse fugir; Só podia sair de casa acompanhada pelo tio, e era vigiada todo o tempo; Tinha todas as suas conversas com outras pessoas monitoradas; Sofreu abusos sexuais, e em um desses abusos engravidou do suspeito, mas o bebê morreu 21 dias após o nascimento; Era obrigada a trabalhar na roça e o suspeito lhe dava R$100; Era agredida fisicamente com frequência; Além de ter sido obrigada a abandonar os estudos, pois o homem não permitia que ela frequentasse a escola, segundo o delegado Fabrício Lucindo, chefe da 16° Delegacia Regional de Linhares, no Espírito Santo.
"Ele a vigiava o tempo todo e nunca permitiu que ela frequentasse a escola. A vida dela era completamente controlada por ele. A vítima passou por vários locais, incluindo a capital Vitória, onde viveu por três anos, antes de ser levada para Jucuruçu. Durante todo o tempo, ela foi obrigada a trabalhar na roça e recebia apenas R$ 100,00 por mês”, declarou o delegado.
A jovem nunca teve aparelho telefônico e só conseguiu um há oito meses. Com esse aparelho, a jovem conseguiu entrar em contato com a família por meio de uma rede social e pedir ajuda, sem o conhecimento do suspeito. Foi a partir daí que iniciou as operações da polícia .
A Policia Civil do Espírito Santo (PC-ES), liderou a operação por meio da Superintendência de Polícia Norte e da 16° Delegacia Regional de Linhares, com o apoio da Delegacia de Polícia (DP) de Rio Bananal e do Promotoria de Justiça de Rio Bananal. De acordo com a PC-ES, a Polícia Militar da Bahia apoiou a operação.
A operação começou na madrugada da quinta-feira (19), os policiais civis, se dirigiram de Rio Bananal, no norte do Espírito Santo, à Jucuruçu, na Bahia, percorrendo um trajeto de 450 Km de distância. As campanhas para identificar o cativeiro foram realizadas na manhã da sexta-feira (20), quando os agentes cercaram o local. No entanto, o suspeito, de 43 anos, conseguiu fugir para a mata, por conhecer bem a região.
A jovem foi libertada, a PC-ES apreendeu no local três armas de fogo de fabricação caseira, incluindo uma calibre 12 e um revólver calibre 38, além de munições e documentos falsos. As armas não possuem autorização legal.
O MP-ES acredita que existem indícios suficientes para apontar o tio da vítima como autor dos crimes de sequestro e cárcere privado, estupro, ameaça, porte ilegal de arma de fogo, entre outros. As investigações seguem em sigilo e as buscas pelo sequestrador continuam.
A polícia pede que qualquer informação sobre o paradeiro do suspeito seja feita pelo Disque Denúncia 181, com garantia de sigilo.