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Bahia

Duas equipes baianas são classificadas para o Festival Nacional SESI de Robótica

‘Evento é transformador’, diz estudante ao Farol da Bahia

Por Ane Catarine Lima
Ás

Duas equipes baianas são classificadas para o Festival Nacional SESI de Robótica

Foto: Jefferson Peixoto/Coperphoto/Sistema FIEB

A 8ª edição do Torneio SESI de Robótica First Lego League - Challenge (FLL), realizado na Bahia nos dias 29 e 30 de abril, classificou quatro equipes baianas para o Festival Nacional de Robótica, que será realizado no dia 26 de junho. A seletiva baiana é uma das 15 competições regionais realizadas pelo país pelo Serviço Social da Indústria (SESI) e segue o mesmo formato do FLL internacional. No total, a competição contou com a participação de 22 equipes de quatro estados e teve a primeira edição totalmente virtual devido a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

O Torneio premiou as equipes em seis categorias. Duas equipes da Bahia, uma de Alagoas e uma de Sergipe foram vencedoras na categoria Champions Awards, que abre vaga na disputa nacional de robótica. O primeiro lugar ficou com a equipe RoboBem, do Colégio SESI de Alagoas, seguido pela equipe de garagem Black Gold, formada por estudantes de escola pública da rede estadual de Candeias, região Metropolitana de Salvador. Já as equipes Acrônicos, de Sergipe, e Midas, da Escola SESI de Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, conseguiram, respectivamente, o  3º e o 4º lugar. 

Tanto nas etapas regionais, quanto na nacional, as equipes enviam vídeos mostrando como desenvolveram os robôs e como cumpriram as provas em um local que é chamado de 'tapete'. Na competição, o tapete é padrão e cada equipe tem o seu. Depois, uma equipe de professores de diferentes instituições avalia os resultados de cada equipe. Ao todo são 27 juízes, de diferentes regiões do Brasil.

Em entrevista ao Farol da Bahia, o coordenador do Torneio SESI de Robótica, Fernando Didier, disse que o objetivo do torneio é aproximar jovens da robótica programando protótipos usando peças de kits tecnológicos. Além disso, ele também informou que o evento tem ajudado a desenvolver habilidades de socialização. “É um torneio para crianças e adolescentes de 9 a 16 anos que permite o desenvolvimento de  diversas habilidades e competências como, por exemplo, resiliência, criatividade e trabalho em equipe”, disse.

“A robótica oferece muitas oportunidades para a vida dessas crianças e adolescentes, principalmente, para aqueles que não têm a possibilidade de estudarem em uma escola que ofereça essa tecnologia. Então, a robótica no Torneio SESI FLL ela não só traz em evidência o desenvolvimento de competências ligadas à programação, mas também desenvolve nesses alunos o senso crítico de pesquisa. Eles se aprofundam em soluções para os problemas”, explicou.

Neste ano, o desafio da competição tem como tema RePLAY e visa estimular os estudantes a buscarem soluções para incentivar a prática de atividades físicas, a busca por qualidade de vida, evitar o sedentarismo e promover a saúde. Ainda de acordo com Fernando Didier, as soluções que as equipes trazem para o torneio são muito contextualizadas com a comunidade em que vivem. “Isso também tem uma relevância enorme para a vida desses estudantes. Eles acabam tendo uma participação efetiva dentro da comunidade”, disse. 

Na prática, o torneio desafia os estudantes a desenvolver projetos de pesquisa sobre o tema e também a programar robôs para cumprir missões no tapete de competição. O desafio inclui conhecimentos em programação e montagem de protótipos autônomos, usando peças de kits tecnológicos da Lego.

Equipe de garagem

Igor dos Anjos, técnico da equipe de garagem Black Gold, contou ao Farol da Bahia que o grupo surgiu com o objetivo de democratizar o acesso à robótica educacional entre os estudantes da rede pública do município de Candeias. “Nós iniciamos os trabalhos em novembro do ano passado e enfrentamos muitas dificuldades, principalmente, por não contar com o apoio de nenhuma instituição de ensino. Nós tivemos muitas dificuldades com a aquisição de peças, com o espaço para o treino da robótica e também toda a questão de logística. Mas apesar disso tudo chegamos até aqui”, disse.

Além da conquista inédita para uma equipe de garagem na etapa regional da Bahia do Torneio SESI de Robótica FLL, Igor dos Anjos foi eleito o Técnico Destaque da competição. Com apenas 17 anos, ele é o mais jovem técnico do torneio e a conquista deste prêmio revela o quanto o estudante conseguiu inspirar e liderar sua equipe, formada por sete integrantes, a maior parte colegas da Escola Estadual Ouro Negro:  Nadyne Almeida, Gabriel Beltrão, Luana Rosado, Maria Juliana, João Victor e Heitor Vitena, e o também técnico Marlon Santos.

Segundo Igor, o torneio transformou a vida dele e a dos colegas. “É transformador. É um evento que traz motivação. A gente, por exemplo, tira jovens de uma área periférica que não têm a oportunidade de ter acesso a uma disciplina interdisciplinar e oferecemos acesso a uma robótica educacional. A robótica desenvolve muito esses alunos, tanto na área pessoal quanto na profissional. Eu mesmo me desenvolvi bastante quando entrei na robótica e eu levo isso comigo para todos os lugares e acredito que esse sentimento seja unânime para todos alunos que participam da competição. A robótica faz pensar no coletivo, aprimora o senso crítico e estimula a entender e solucionar muitos problemas dentro da comunidade”, disse.

Ainda sobre o resultado da premiação, Igor não economizou na emoção: “Eu sabia da preparação dos meninos, acreditava no potencial deles e ver a primeira equipe de garagem da Bahia entre os Champions a ir pro nacional  é muito incrível. A sensação é de dever cumprido e de que tenho que me dedicar o dobro pra sair vitorioso do nacional e, quem sabe, ir pro internacional”, concluiu.
   
Novidade

Outro fato inusitado e que chamou a atenção nesta edição, foi que o torneio reuniu, pela primeira vez,  um time de competidores com 50% de meninos e 50% de meninas. Representante do SESI Nacional, Marcos Sousa chamou a atenção para este dado e destacou: “Está provado que lugar de menina é na robótica”, disse.
 

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